Português/Español.
O trunfo dos partidários do projeto europeu é dizerem que o nacionalismo conduz à guerra e a construção europeia leva a paz. Todas as perdas provocadas por Bruxelas no plano da democracia, da soberania e da transparência seriam definitivamente compensadas por um objetivo nobre: a paz.
Ora, essa suposição assente sobre um erro. O nacionalismo não conduz à guerra. A ambição de instaurar um império europeu é que conduz à guerra. A ambição de fazer entrar, a qualquer preço, diferentes povos numa camisa de forças leva à guerra. Em suma, é a construção europeia que conduz à guerra.
O fascismo e o nazismo eram dois eixos da construção europeia. Desde 1933, Mussolini partilhou a sua convicção de que a Europa poderia, novamente, exercer o seu poder sobre o mundo se conseguisse instaurar uma certa unidade política.
O novo Império Romano de Mussolini
O colaboracionista norueguês Vidkun Quisling defendia que deveríamos criar uma Europa que não desperdiçasse o seu sangue em conflitos mortíferos, mas que constituísse uma sólida unidade. E, a 11 de setembro de 1940, Joseph Goebbels afirmava: “Tenho a certeza deque, dentro de cinquenta anos, deixaremos de pensar em termos de país”.
A 28 de novembro de 1941, numa conversa com o ministro finlandês dos Negócios Estrangeiros, Adolf Hitler defendia que, manifestamente, os países da Europa andavam lado a lado, como membros de uma grande família. No seu estudo que faz escola, Nations and States (1977), o historiador Hugh Seton-Watson, da Universidade de Oxford, concluiu que as intenções de Hitler não se limitavam àquilo que podemos descrever como o nacionalismo alemão.
O seu objetivo era conquistar toda a Europa e um fasto território para além dela. Mussolini queria, por seu lado, fundar um novo império romano à volta do mar Mediterrâneo e os japoneses desejavam instaurar uma grande esfera de coprosperidade na Ásia Oriental. O racismo dos alemães também não era a expressão de um nacionalismo. Pelo contrário. A raça ultrapassava as fronteiras da nação e do Estado e a teoria racista é, por isso, por definição, uma doutrina internacional – e não nacional.
Os fundadores da UE
É ainda mais impressionante o facto de Robert Schuman, um dos fundadores do projeto europeu, ter sido, até 17 de julho de 1940, secretário de Estado do regime de Vichy, que colaborou com os alemães. Enquanto deputado pela Lorena, em 1938, apoiou ativamente a traição de Munique e contribuiu, assim, para tornar possível a anexação de uma parte da Checoslováquia pela Alemanha de Hitler. Nessa época, também insistiu para que Hitler e Mussolini estreitassem laços. A 10 de julho de 1940, Robert Schuman fez parte do grupo de deputados que apoiaram a tomada de poder por Pétain.
Jean Monnet, um dos outros fundadores, estava entretanto em Londres e tentava impedir a difusão na rádio dos boletins de informação diária de De Gaulle (coisa que conseguiu nos dias 20 e 21 de junho de 1940).
Além da II Guerra Mundial, também se atribui a causa da I Guerra Mundial ao “nacionalismo”. Mas, do mesmo modo, durante a I Guerra Mundial, o objetivo da Alemanha era submeter a um império as regiões que não eram alemãs. Esta guerra, aliás, começou no barril de pólvora transnacional, que era a Áustria-Hungria. Essa União Europeia antes do tempo que recusou conceder a independência aos sérvios da bósnia, o que incitou um grupo de “jovens bósnios” a planear o assassínio do arquiduque Francisco Fernando em junho de 1914.
Unidade política – grande fonte de tensões
A opressão exercida por um regime centralizador gera tensões. Uma das principais lições tiradas da I Guerra Mundial foi sem dúvida o “princípio da autodeterminação” – propagado, sobretudo, pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson – que defende o respeito pelas diferentes nacionalidades, em vez de as querer dissolver ou de pretender integrá-las num todo mais vasto.
Se recuarmos ainda mais na História, percebemos uma vez mais que não foi o “nacionalismo”, mas sim o imperialismo e o desejo de unificação europeia que conduziram à guerra. Tomemos como exemplo as guerras napoleónicas. Napoleão queria instaurar os mesmos princípios para o bem da Europa: um código europeu, um supremo tribunal europeu, uma moeda comum, as mesmas unidades de medida, as mesmas leis, e por aí adiante. Napoleão esperava que a Europa se tornasse rapidamente uma única e mesma nação.
A ideia de que o nacionalismo conduz à guerra e que a unificação europeia leva à paz é, por isso, falsa. Ao longo dos últimos cinquenta anos a Europa ainda não conheceu a “paz”. Durante a maior parte desse tempo, os países da Europa estavam envolvidos numa luta de morte contra a União Soviética – também ela a expressão de uma filosofia antinacional: o comunismo. O trabalhador, dizia o Manifesto Comunista, não tem nacionalidade.
Como seria de esperar, hoje, a tentativa de unir politicamente a Europa também gera grandes tensões. Em quase todos os países europeus vemos aumentar o poder dos partidos que são contra a ordem estabelecida.
O nacionalismo possibilita a democracia
Na Europa do Norte, a desconfiança em relação ao Sul acentua-se e o inverso também é verdade. Também aqui, a fonte de conflito não é o nacionalismo mas o projeto europeu. Devemos, por isso, caminhar em direção a uma Europa completamente diferente da atual UE.
Uma Europa sem um regime centralizador – mas uma Europa de Estados-nação que cooperam entre si e que não têm medo das diferenças nacionais. É preciso devolver aos países a autoridade sobre as suas fronteiras nacionais para que sejam eles próprios a poderem decidir quem querem deixar entrar. Segundo o seu interesse económico, optarão por um regime brando de vistos, conservando o controlo sobre a criminalidade e a imigração. É preciso acabar com o euro para que os países possam respirar novamente no plano monetário e decidir as suas taxas de juro em função da boa orientação da conjuntura local. É preciso desmantelar grande parte da harmonização que apaga a diversidade.
Longe de ser fonte de conflitos, o nacionalismo é a força que torna possível a democracia. Sem essa força unificadora, o Parlamento jamais poderá tomar uma decisão legítima. O exemplo da Bélgica mostra, além disso, que a ausência de uma unidade nacional pode tornar a administração de um país extremamente laboriosa. O pânico do nacionalismo arrisca-se a instaurar um império imposto por Bruxelas. Vai sendo tempo de parar os ataques contra o Estado-nação.
La UE es el imperio. Y el imperio, la guerra
Por Thierry Baudet.
Solemos considerar que la Unión garantiza la paz en Europa. Pero el historiador Thierry Baudet señala de un modo provocador que, cuando los Estados-naciones ceden su soberanía a entidades supranacionales, se generan conflictos. Por ello propone la disolución del euro y el restablecimiento de las fronteras.
El principal argumento de los partidarios del proyecto europeo es que el nacionalismo deriva en la guerra y la construcción europea en la paz. Cualquier pérdida que provoque Bruselas en el ámbito de la democracia, la soberanía y la transparencia, se compensaría por el noble objetivo de la paz. Pero este supuesto se basa en un error. El nacionalismo no deriva en la guerra. Lo que conduce a la guerra es la ambición de instaurar un imperio europeo. La ambición de someter a la fuerza a un corsé a los diferentes pueblos es lo que lleva a la guerra. En definitiva, la construcción europea es lo que deriva en la guerra.
El nuevo Imperio Romano de Mussolini
Tanto el fascismo como el nazismo se centraban en la construcción europea. Desde 1933, Mussolini dio a conocer su convicción de que Europa podía volver a ejercer su poder sobre el mundo si lograba instaurar una cierta unidad política. El colaborador noruego Vidkun Quisling pensaba que debíamos crear una Europa que no malgastara su sangre en conflictos asesinos, sino que constituyera una sólida unidad. Y el 11 de septiembre de 1940, Joseph Goebbels afirmaba: estoy convencido de que, en cincuenta años, ya no razonaremos en términos de países.
El 28 de noviembre de 1941, en una conversación con el ministro finlandés de Exteriores, Adolf Hitler destacó que estaba claro que los países de Europa iban a la par, como los miembros de una gran familia. Con el estudio, Nations and States (1977) (Naciones y Estados), que sentó cátedra, el historiador Hugh Seton-Watson, de la Universidad de Oxford, concluyó que las intenciones de Hitler no se limitaban a lo que se puede describir como el nacionalismo alemán. Su objetivo era conquistar el conjunto de Europa y un amplio territorio fuera de ella. Por su parte, Mussolini quería fundar un nuevo imperio romano alrededor del Mediterráneo y los japoneses deseaban instaurar una gran esfera de prosperidad conjunta en Asia Oriental.
El racismo de los alemanes tampoco era la expresión de un nacionalismo. Todo lo contrario. La raza traspasa las fronteras de la nación y del Estado, por lo tanto, la teoría racista es por definición una doctrina internacional, no nacional.
Los padres fundadores de la UE
Resulta aún más sorprendente que Robert Schuman, uno de los fundadores del proyecto europeo, fuera hasta el 17 de julio de 1940 secretario de Estado en el régimen de Vichy, que colaboró con los alemanes. Como diputado de Lorena, en 1938 apoyó activamente la traición de Múnich y así contribuyó a que la Alemania de Hitler pudiera anexionarse una parte de Checoslovaquia. Por entonces, también había insistido para que Mussolini y Hitler estrecharan sus vínculos. El 10 de julio de 1940, Robert Schuman fue uno de los diputados que apoyaron la toma de poder de Pétain.
Mientras, Jean Monnet, otro de los fundadores, se encontraba en Londres e intentaba impedir la difusión de los boletines de información diarios de De Gaulle en la radio (algo que logró hacer los días 20 y 21 de junio de 1940).
Aparte de la Segunda Guerra Mundial, también se considera que el “nacionalismo” fue la causa de la Primera Guerra Mundial. Pero también durante la Primera Guerra Mundial, el objetivo de Alemania era someter a un imperio a unas regiones que no eran alemanas. Por otro lado, esta guerra comenzó en el polvorín que constituía el imperio Austro-Húngaro. Esa unión precursora de la Unión Europea se negaba a conceder la independencia a los serbios de Bosnia, lo que incitó a un grupo de “jóvenes bosnios” a tramar el asesinato del archiduque Francisco Fernando en junio de 1914.
Unión política; una inmensa fuente de tensiones
La opresión que ejerce un régimen centralizador genera tensiones. Una de las principales lecciones que se aprendieron de la Primera Guerra Mundial fue además el “principio de autodeterminación”, difundido sobre todo por el presidente estadounidense Woodrow Wilson, que abogaba por el respeto de las diferentes nacionalidades, en lugar de pretender disolverlas o integrarlas en un conjunto mayor.
Si nos remontamos más atrás en la historia, nos damos cuenta una vez más de que no es el “nacionalismo”, sino el imperialismo y el deseo de unificación europea lo que generan la guerra. Analicemos las guerras napoleónicas. Napoleón quería instaurar los mismos principios para el bienestar de Europa: un código europeo, un tribunal superior de justicia europeo, una moneda común, las mismas unidades de medida, las mismas leyes, etc. Napoleón esperaba que Europa se convirtiera rápidamente en una sola nación.
Por lo tanto, la idea de que el nacionalismo conduce a la guerra y la unificación europea a la paz es falsa. Además, Europa no ha conocido la “paz” en los últimos cincuenta años. Durante la mayor parte de este periodo, los países de Europa luchaban a muerte contra la Unión Soviética, de nuevo la expresión de una filosofía antinacional: el comunismo. El trabajador, sostenía el Manifiesto Comunista, no tenía nacionalidad.
Como cabría esperar, hoy también genera grandes tensiones el intento de unir políticamente a Europa. En casi todos los países europeos se constata un aumento del poder de los partidos contra el orden establecido. En Europa del Norte, se acentúa la desconfianza con respecto al Sur y viceversa. De nuevo, la fuente de conflictos no es el nacionalismo, sino el proyecto europeo. Por consiguiente, debemos orientarnos hacia otra Europa distinta a la de la UE actual.
El nacionalismo hace posible la democracia
No una Europa con un régimen centralizador, sino una Europa de Estados-naciones que cooperen entre sí y no teman a las diferencias nacionales. Es necesario devolver a los países la autoridad sobre sus fronteras nacionales, para que puedan decidir por sí mismos a quién dejan entrar. Para defender sus intereses económicos, optarán por un régimen flexible de visados, conservando al mismo tiempo el control sobre la criminalidad y la inmigración. Es necesario disolver el euro para que los países puedan respirar de nuevo en el ámbito monetario y decidir sus tipos de interés en función de la orientación óptima de la coyuntura local. Hay que desmantelar en gran parte la armonización que borra la diversidad.
Lejos de ser una fuente de conflictos, el nacionalismo es la fuerza que hace posible la democracia. Sin esa fuerza unitaria, el Parlamento jamás puede tomar una decisión legítima. El ejemplo de Bélgica demuestra también que la ausencia de una unidad nacional puede hacer que la administración de un país sea extremadamente complicada. El pánico al nacionalismo corre el riesgo de instaurar un imperio bruselense limitante. Ya es hora de que dejen de atacar al Estado-nación.
Imagem: Aguilar
Fonte: http://www.presseurop.eu/