A sensação de insegurança como mercadoria

imagesO mercado de segurança privada vem crescendo a uma média de 20 a 25% ao ano nos últimos tempos. No estado do Rio de Janeiro, os dados do sindicato representante das empresas do setor mostram que o segmento movimenta R$11 bilhões no país.

Já o setor de segurança eletrônica – que produz câmeras de segurança, alarmes, entre outros – teve um volume de negócios da ordem de R$1,2 bilhões em 2011 e tem a expectativa de um crescimento de 20,6% até 2017, quando espera movimentar a cifra de R$3,7 bilhões.

No mercado imobiliário, cresce a demanda por condomínios fechados. Este fenômeno que era mais comum nas grandes metrópoles, já chega com força em outros municípios de porte médio e fora dos grandes centros, como cidades do interior e no litoral paulista.

Estes três fenômenos produtos da sensação de “insegurança” são um demonstrativo que as mazelas do capitalismo se transformam rapidamente em novas oportunidades de negócio – e, portanto, de exploração do capital. O capitalismo tende a uma concentração de riquezas, gera abismos sociais, favorece a criação de tensões sociais e a mídia hegemônica potencializa estes fenômenos criando a sensação de insegurança. Esta, por sua vez, é reaproveitada pelo capitalismo que a transforma em novas oportunidades de negócio.

Vários estudiosos já comprovaram como este ambiente de desagregação social favorece as atividades ilícitas. A ausência de oportunidades de uma vida digna é uma situação propícia para que as atividades ilícitas se apresentem como uma possibilidade, em especial aos jovens de periferia. E tais atividades também se organizam na lógica do capitalismo. As reportagens da edição de setembro da revista Fórum sobre a questão das drogas demonstram que o tráfico movimenta, no mundo, algo em torno de 320 bilhões de dólares, “molda relações sociais, trabalhistas, tem conexões com o mundo político institucional e com outros ramos do poder público” (Glauco Faria, “O fracasso de uma guerra sem sentido”, Revista Fórum n. 126, p. 6).

Os movimentos sociais que denunciam o racismo como elemento legitimador de uma ordem social excludente, que defendem os direitos humanos, os direitos das minorias, que questionam as várias formas de opressão não tratam de aspectos pontuais e sim apontam os elementos fundantes deste ordenamento social fruto do atual estágio do capitalismo.

As possibilidades de superação de tais problemas sem se fazer uma crítica radical (no sentido de pegar pela raiz) ao capitalismo são cada vez menores. Em tempos em que cresce a disposição de se discutir uma sociedade pós-capitalista, estas discussões merecem atenção.

Fonte: Revista Fórum.

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