Por Lívia Monte.
Fotos: Guga Siqueira.
No dia 12 de setembro de 2012, às 10 horas da manhã, ocorreu na Universidade Estadual de Santa Catarina o debate dos candidatos a Prefeito/a de Florianópolis. Contrariando os televisivos, nos quais o convite aos concorrentes é facultativo, todos foram convidados e se fizeram presentes.
Gean Loureiro (PMDB), Angela Albino (PCdoB), César Souza(PSD), Gilmar Salgado(PSTU), Elson Pereira (PSOL) e Janaína Deitos (PPL) se enfrentaram durante duas horas, no auditório da ESAG, em uma estrutura composta por uma primeira rodada de perguntas entre os candidatos e uma segunda com questionamentos provenientes da comunidade acadêmica.
Um aspecto muito positivo do debate foi que as principais questões da cidade foram abordadas, por exemplo: a mobilidade urbana, o saneamento básico, o crescimento desordenado da capital, a ponta do coral, a desigualdade social. No entanto, o que me deixou surpresa foi o mínimo de dedicação dos candidatos para com a classe dos estudantes, a qual foi por muito tempo desconsiderada em eleições, por ser concebida como não geradora de lucro dentro do sistema capitalista.
O evento foi bem estruturado e divulgado, porém, o tamanho limitado do auditório restringiu a entrada de alguns alunos, os quais tiveram que acompanhar o mesmo de outro modo. As perguntas da comunidade acadêmica foram selecionadas pelo facebook e foram representadas por três perguntas formuladas por estudantes da ESAG.
Devido a essa configuração do que seriam as perguntas representativas da comunidade acadêmica; os pedidos dos organizadores para que a platéia se contivesse, que até então estavam sendo amplamente respeitados pelos alunos impecáveis de camisa branca, foram quebrados por um grito abafado proveniente do meio da multidão:
-Quantos de vocês candidatos utilizam os ônibus?!
Os poucos candidatos que resolveram não ignorar o garoto que desrespeitou as regras, responderam que infelizmente se utilizam do carro e reconheceram a precariedade do transporte coletivo na capital.
Terminado o debate eis que surgem do meio da multidão que saía às pressas do auditório da ESAG, animais. Isso mesmo! Animais! Eram porco, macaco, rato, que aos poucos se sentaram na cadeiras que minutos antes estavam ocupadas por candidatos, revolucionando o espaço humano.
Com um pouco de esforço consegui uma entrevista com o senhor Macaco, habitante da Floresta, ele me trouxe posicionamentos interessantes. O mesmo acredita que muitas pessoas não fazem sua parte, apenas elegem os candidatos e esperam que esses resolvam todos os problemas da cidade. Também apontou que embora o CEART não tenha sido representado, pois as perguntas foram selecionadas por alunos da ESAG, ele julga que as explanadas foram pertinentes. Quando perguntado em quem votaria, ele respondeu que nulo, resposta que eu tenho ouvido de muita gente residente na capital.
É importante ter em consideração essa “revolução dos bichos” que tem sido feita em Florianópolis, onde cada vez mais tirania é praticada contra os cidadãos. E os bichos com certeza não são os atores do CEART, senão o conjunto dos excluídos, humanos, animais e naturais. A percepção orwelliana, agora direcionada contra o poder municipal verticalizado, pode vir à tona e mudar o sereno e quase adormecido espaço da Capital do Estado.
Fantástico texto com a alusão a fantástica obra de George Orwell!
Parabéns!