A Comunidade de Terreiro Ylê Axé de Yansã nasceu em meio a uma ocupação de terra ocorrida em Araras, interior de São Paulo, na década de 1990. Espaço de resistência da cultura negra e da espiritualidade de matriz africana, enfrenta as dificuldades estruturais de um país que não desenvolveu políticas públicas de apoio e manutenção dessas comunidades. A casa coletiva, construída há 25 anos, com toras de árvore e telhas, dá sinais claros de que seu tempo acabou. O local é palco de eventos religiosos, educativos e socioculturais. E um lugar onde se cultiva outro tipo de organização social, pautado na coletividade.
A casa mantém a estrutura original, que está bastante danificada e não garante mais segurança aos moradores. Em reportagem da Rádio Brasil Atual, a matriarca do Ylê Axé de Yansã, Doné Rosa Oyacy, comenta que embora a casa seja seu “dengo”, continuar a morar nela pode ser perigoso. “Eu brinco que a casa está com o tempo de validade vencido. Quem vem aqui vê. Mas é o nosso dengo essa moradia, é um patrimônio. Mas hoje tu senta e o cupim cai no cabelo”, conta ela.
Ponto de Cultura
A comunidade de terreiro Ylê Axé de Yansã foi reconhecida no ano passado pelo programa Cultura Viva do estado de São Paulo, tornando-se um ponto de cultura da resistência negra. Como prêmio, recebeu R$ 60 mil, que foram utilizados para dar início à construção de uma nova sede. Com a verba, foi possível fazer o alicerce e bater laje. “Nós compramos bastante material de construção e levantamos a casa, colocamos laje. E agora a gente precisa iniciar a segunda fase, que é contra piso, acabamento, telhado, mobília, essas coisas todas”, explicou o sacerdote do candomblé Tata Kejessy.
A nova casa tem uma cozinha extensa, área de serviço grande, uma sala grande para acomodar os visitantes e sete quartos. Isso porque cada vez que se reúnem os filhos de Doné Oyacy, é preciso muito espaço para alojar a todos. Bem como nos encontros e eventos socioculturais que ocorrem no terreiro. Agora, para concluir o projeto, a comunidade criou uma vaquinha virtual e busca ajuda de todos que acreditam em uma sociedade com valores de coletividade e solidariedade.
“Aqui também é um espaço de formação, recebemos o pessoal do movimento negro que vem para cursos, para vivências, para formação política. Realizamos anualmente o Tefokafumi, uma tenda de formação e cidadania, que nasceu aqui. Já realizamos aqui encontros estaduais de estudantes universitários negros, parcerias com o Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu), oficinas e atividades culturais para a comunidade”, conta Tata Kejessy.
Confira a reportagem completa: