Restrição de 50 variedades de agrotóxicos, publicada em julho, foi revogada para a Safra 2012/2013; Ibama considerou que produtores precisavam de tempo para se adaptar para reduzir os prejuízos.
A pulverização aérea de agrotóxicos causa muita polêmica: os grandes latifundiários defendem essa forma de aplicação, mas movimentos sociais e organizações ambientais apontam para os riscos graves que ela representa para as pessoas e o meio ambiente.
Em julho deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) publicou decisão no Diário Oficial restringindo a aplicação de mais de 50 agrotóxicos que continham os componentes midacloprido, clotianidina, fipronil e tiametoxam.
A decisão, no entanto, foi revogada para a Safra 2012/2013 no dia 03 de outubro, sob a alegação de que os produtores precisavam de tempo para se adaptar. Segundo a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) – ao questionarem a proibição de julho – se fosse mantido o veto total, os agricultores perderiam mais de R$ 5,92 bilhões.
Padre João (PT), que atuou numa comissão especial da Câmara sobre o tema, questiona a prioridade dada aos interesses econômicos.
“Eu vejo que tem um poder econômico perverso por trás de tudo isso. É inegável a força que tem e que o interesse financeiro prevalece em relação ao interesse da saúde, a qualidade de vida do trabalhador e das comunidades rurais diretamente atingidas.”
O deputado alerta que muitos parlamentares defendem publicamente a saúde, mas operam nos bastidores para garantir a permanência de diversos agrotóxicos no mercado.
A pulverização aérea tem diversos riscos, sendo que os principais são a deriva, percentual de agrotóxicos que após a pulverização não atinge a lavoura devido aos ventos, podendo contaminar rios, outras fazendas e até cidades; também a evaporação dos agrotóxicos, contaminando as chuvas.
Padre João explica o ciclo. “Essa chuva que vem uma parte dela evapora, outra parte vai entrar no solo, atingindo córregos, ribeirões e rios, mas uma parte evapora, e essa parte contaminada, volta. É uma coisa perversa”.