Por Mauro Passos.
Com a janela partidária aberta o que se viu foi uma grande revoada de políticos em busca de um novo ninho. O aconchego dos pássaros é fruto da natureza, a dos políticos é resultado de uma busca imediatista e pragmática do que melhor lhe convier. Quem teve a oportunidade de acompanhar a feitura de um ninho, se encanta. É um longo processo de cumplicidade entre o casal, onde paciência e determinação fazem parte do ritual.
Já o ninho que os políticos buscam é a negação do que é natural. Sem qualquer constrangimento trocam de partido, esquecem seus compromissos com o eleitor e buscam “na janela partidária que se abre” a oportunidade de manter seu mandato. Recentemente nos deparamos com a revoada partidária, algo que nos leva a pensar: o que fazem lá, além de inconfessáveis acordos para se manterem nas suas cadeiras.
Quando se lê “Centrão infla, União Brasil murcha, e negócios mexem janela partidária”, em nenhum momento está se falando em ideologia que, eventualmente, poderia justificar o afastamento de um ou outro deputado em razão de um desconforto com o partido que está filiado. Só que aqui e agora estamos tratando de mais de 100 deputados que se aproveitaram da janela aberta para o troca-troca partidário.
Sem qualquer dúvida, na última sexta-feira, 01/4, boa parcela dos políticos aproveitou a data, conhecida como Dia dos Bobos e fez de seus eleitores – otários! Não há outra explicação. Se ponha no lugar de um eleitor responsável, que valoriza o seu voto, que busca conhecer seu candidato, que encontra alguma afinidade ideológica com o partido que ele está filiado e, de repente, no último dia do prazo você fica sabendo que ele trocou de ninho: era um tucano virou um pardal.
Durante o desastroso governo Bolsonaro a política foi alimentada por recursos públicos, como nunca antes se viu. Não há outro parlamento no mundo onde os congressistas, conforme seus interesses, ordenam tantos recursos através das emendas parlamentares como no Brasil. Não há também notícia de que em outros países exista o que passou a ser chamado aqui de “orçamento secreto”. Por fim, também desconheço os bilionários recursos destinados ao Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral. Em resumo, com tanto dinheiro e poder nas mãos, a política virou um grande negócio. Além de perpetuar no cargo os mesmos, inibe a necessária renovação que alimenta a democracia.
PS- Desde a criação do Instituto IDEAL em 2007, me mantenho afastado da política partidária. Pelo tipo de atividade que estou inserido, obviamente, a política continua presente. Sempre que me indagam de um possível retorno a uma disputa eleitoral, claro que sinto uma coceira. Com o tempo a gente amadurece a ponto de responder que os 10 anos dedicados aos meus mandatos de vereador e deputado federal, foram suficientes. Procurei sempre fazer o melhor; entendo que hoje o melhor é se comprometer com as grandes causas que estão aí, ameaçando e afetando todos nós.
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