Por Catiana Medeiros.
Sementes agroecológicas cultivadas por assentados da reforma agrária começam a ser vendidas neste sábado (22) na Feira Ecológica da Redenção, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Dezenas de variedades de sementes, produzidas por 180 famílias ligadas à Rede de Sementes Agroecológicas Bionatur, cooperativa fundada pelo MST no Assentamento Roça Nova, no município de Candiota, poderão ser adquiridas mensalmente no local, das 7h30 às 13 horas. A partir de novembro a comercialização será no primeiro sábado de cada mês.
Roberta Coimbra, assentada que representa os agricultores da Bionatur na banca, conta que o principal objetivo da cooperativa é oferecer sementes saudáveis, especialmente de hortaliças, aos feirantes e à população que cultiva alimentos em espaços urbanos.
“Teremos sempre à disposição sementes embaladas em pequenos sachês, que podem ser utilizados para o consumo familiar em diferentes tamanhos de hortas, seja no campo ou na cidade. Mas também temos à pronta-entrega embalagens especiais, que comportam quilos de sementes, para o agricultor profissional. Se ele quiser é só encomendar que a gente traz”, garante a assentada.
Futuramente, segundo Roberta, a Bionatur também oferecerá sementes crioulas, como milho, feijão, tomate, melancia, entre outras, na feira. Hoje, as famílias ligadas à cooperativa produzem 17 variedades.
Origem das sementes
Toda a produção da banca da Bionatur na feira da Redenção é oriunda de assentamentos da reforma agrária das regiões Sul, Missões e Campanha do RS, e Norte e Sul de Minas Gerais, onde são produzidos 3,5 toneladas de sementes de hortaliças agroecológicas ao ano. Até 2018, a meta é produzir 8 toneladas. A cooperativa também quer passar das atuais 60 variedades, todas certificadas como orgânicas, para 100.
Mantenedora de sementes
Conforme consta no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura (Mapa), desde agosto deste ano, a Bionatur é mantenedora de sete variedades de hortaliças: repolho louco de verão, couve manteiga da Geórgia, BRS tortéi, rúcula cultivada, moranga de mesa, abobrinha de tronco redonda e abobrinha de tronco caserta.
De acordo com a legislação vigente, a partir de 2018, a cooperativa estará apta a produzir suas próprias sementes destes setes cultivares, que, posteriormente darão origem aos campos de produção de sementes comerciais da Bionatur.
“Trata-se de um importante passo para alcançar a autonomia na produção de sementes de geração superiores, considerando o prazo estabelecido pelo Ministério da Agricultura, que se encerra a partir da safra 2018/2019, para utilização de sementes de categoria S2”, diz a agrônoma Patrícia Martins.
Segundo o presidente da Bionatur, Alcemar Adílio Inhaia, pelo ao menos há dois anos buscava-se, por meio de pesquisas e experimentos, a condição de mantenedora, conquista que é considerada fundamental por se tratar de sementes que geram alimentos saudáveis e estão no cardápio da maioria das famílias brasileiras.
“Esse novo passo garante, junto a outros fatores, nossa permanência na produção de sementes, o que vai minimizar a dependência de terceiros. Enquanto Bionatur nosso objetivo é, até o final deste ano, registrar pelo menos cinco outras variedades”, explica Inhaia.
*Editado por Iris Pacheco
Fonte: MST.