Por Dinovaldo Gilioli.
Seguir uma ideia, sem nenhuma visão crítica, nos coloca próximo do papel de ventríloquo, de papagaio domesticado. Em tempos de neoliberalismo, onde há endeusamento do mercado e coisificação das relações humanas, é profícuo o exercício da dúvida, das ações questionadoras.
Em tempos de caminho único, é urgente construir atalhos, desconfiar de ruas bem delineadas que nos levam sempre ao mesmo lugar. Caminhos que não propiciam o encontro, mas o mero ajuntamento de pessoas; que não estimulam o diálogo das curvas, mas impõem a palavra final das retas.
Quando tudo parece derradeiro, acabado, aí; bem aí, deve residir o confronto das ideias, onde o cruzar de vozes possa estabelecer o grito da mudança. Onde a solidariedade não seja açodada pela selvagem competição e o exacerbado individualismo.
A necessária mudança não virá do acaso, é preciso lutar para alterar a realidade que nos é imposta. Mudar para melhorar a casa, o sindicato, o trabalho, a igreja, a associação, a vida e o país; enfim, não é tarefa de “salvadores da pátria”. Esses não passam de charlatões, travestidos de “pessoas de bem”, travestidos de mito.
Para mudar de verdade é preciso questionar os grandes meios de comunicação, geralmente a serviço da classe dominante. Para mudar de verdade é necessário enfrentar os que tentam, sem nenhum escrúpulo, dominar corações e mentes. Os que, com sua falsa moral, querem cercear a livre expressão.
Só a rebeldia, a inquietude e o inconformismo, aliados à consciência crítica e à disposição de luta coletiva, são capazes de se contrapor ao atual sistema. Esses gestos podem forjar novas relações entre os humanos e com a natureza. Podem propiciar trocas, que nos ajudem a valorizar mais a vida.
Quando deixarmos a condição de espectadores, mais preparados estaremos para o protagonismo da história. Oxalá sigamos construindo uma sociedade que viva, de fato, com respeito e dignidade!
Dinovaldo Gilioli é escritor e poeta