A Nakba que não tem fim, 1948 é todo dia

Foto: Reprodução

Por Francirosy Campos Barbosa e Samira Osman, Diálogos do Sul do Mundo.

Revisitar a história da Palestina é algo que fazemos desde sempre em nossas reflexões acadêmicas, decorrente muitas vezes dos nossos objetos de pesquisa e da nossa produção do conhecimento. A leitura do texto do Dr. Charles Mady, professor da Faculdade de Medicina da USP nos mobilizou a ampliar o diálogo com a sociedade acadêmica, quase sempre silenciosa quando o tema é Palestina, cuja questão, como aponta Edward Said se arrasta de forma insolúvel e trágica desde que a Declaração Balfour foi publicada em 1917.

Como acadêmicas repudiamos qualquer discriminação religiosa, cultural, social e sobretudo repudiamos com veemência o nazismo e o holocausto. Holocausto que dizimou, matou, violentou judeus, negros, homossexuais e ciganos.

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O nazismo é a marca da crueldade, e deve ser banido de qualquer esfera da nossa vida social. Este é tão nocivo quanto o sionismo criado para consolidar um território de um povo que vem dizimando, por práticas identificadas pelo historiador israelense Ilan Pappé como limpeza étnica.

Como escreve o Dr. Mady: “Os nazistas queriam rapidez, os sionistas aplicaram a limpeza étnica lenta, como política de Estado”, e acrescentamos com o mesmo objetivo: dizimar um povo. Se genocídio é um crime contra a humanidade, limpeza étnica ocupa a mesma infame classificação.

É necessário compreender o que se passa na Palestina como um todo e, como um microcosmo dessa dura realidade, o que acontece por exemplo em Gaza, denominada por muitos como uma prisão a céu aberto, como sempre pontua em seus textos e falas o professor Paulo Sérgio Pinheiro.

Talvez o melhor modo de nos remeter a ideia de prisão imposta por Israel aos palestinos é a existência de 500 checkpoints [postos militares de controle de passagem] em seu território. Outro ponto que remete a ideia de prisão é o muro de 764 km que separa Israel dos territórios palestinos da Cisjordânia, onde estão grandes cidades como Belém e Ramallah, e por consequência separa muitas famílias e lugares de cultos religiosos.

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