Por Sebastião Costa.
O português Albino Souza Cruz chegou ao Brasil com 16 anos de idade e em abril de 1903 inaugurou a primeira fábrica de cigarros do país. Como na época só quem fumava eram os homens, seu faro empresarial privilegiado optou por denominar seus cigarros com nome de mulheres. O primeiro tinha o nome de Dalila e o mais famoso, Iolanda (nome de uma modelo que ousou posar seminua para a carteira de cigarros).
Mas isso são coisas do início do século passado. A efervescência dos anos sessenta e os movimentos feministas que invadiram a década de oitenta impuseram à sociedade uma participação da mulher mais equilibrada em relação ao homem. Nada mais justo!
Acontece que o cigarro tem uma simbologia fortemente vinculada à masculinidade, e as mulheres na sua luta para igualar-se ao homem terminaram caindo nas arapucas publicitárias da indústria fumageira.
Os números mais recentes do IBGE falam em 39% de participação das mulheres dentro do universo de fumantes.
Num distante maio de 1968, elas mandaram os sutiãs à fogueira. Agora, queimam cigarros. Ontem foi protesto conscientizado, hoje dependência alienada.
A fogueira de sutiãs lhes rendeu status e respeito dentro da sociedade, a queima de cigarros envelhecimento precoce e muito câncer de pulmão.
Artigo do Jornal da Sociedade Médica Americana não permite dúvidas: “O carcinoma pulmonar atingiu proporções de epidemia entre as americanas”. Como se sabe, o cigarro não perdoa.