A mídia catarinense com o presidente. Por Elaine Tavares

Foto: Rogerio Melo/PR.

Por Elaine Tavares.

Não surpreendeu de maneira alguma a reunião dos empresários da comunicação catarinense – e alguns de seus jornalistas do tipo boca-alugada – com o presidente do Brasil. É natural que diante da metralhadora governamental contra os meios de comunicação, o empresariado se organize e busque dialogar. Também não surpreendeu a postura dos mesmos na reunião: a de obsequiosos apoiadores. As imagens mostram a franca desenvoltura de todos apreciando o repasto e babando ovo. É claro que não se esperaria um confronto, mas o correto seria uma reunião formal, de discussão e de argumentação. Mas, não. O que se viu foi um alegre banquete no qual o chefe da nação se cercou da ratatuia servil.

A maioria das empresas de comunicação faz hoje o que fizeram também durante a ditadura militar. Não bastava resistir no silêncio à censura e à violência. Eram simplesmente coniventes com todos os horrores dos porões, onde se torturavam homens, mulheres, crianças e velhos. Fechavam os olhos às mortes, aos assassinatos e aos desaparecimentos não porque quisessem se resguardar de suas próprias mortes, mas porque, de fato, apoiavam tudo aquilo. Basta lembrar que a Rede Globo, maior conglomerado comunicacional do país, se fortaleceu nessa época, aceitando a missão de ser a ponta de lança comunicacional do regime.

Essa mesma imprensa que acorreu alegre e sorridente à mesa do presidente é a que fortalece diuturnamente o ódio aos pretos, aos pobres, aos sem casa, aos sem terra, aos trabalhadores. É a que manipula as informações, que esconde outras tantas, que mente, que aliena. Portanto, nada de novo sob o sol.

Mas, ainda que não nos surpreenda, é preciso dizer o que são e o que defendem. E ainda que seja repetir o mesmo, repetir o óbvio, há que dizê-lo para que as gentes não digam que não sabiam. A mídia comercial é porta-voz do poder, seja ele qual for. Já foram vilmente servis mesmo durante o governo petista, o qual hoje juram odiar. Já babaram ovo do Lula e da Dilma, ainda que nas internas tramassem contra eles por não reconhecê-los como seus iguais. Aqueles homens e mulheres que se refestelaram na mesa presidencial servem aos seus interesses, estão de olho nos seus lucros, mesmo que isso signifique apoiar as maiores aberrações.

A mídia comercial é o braço armado do poder instituído. É a cornucópia da classe dominante. E ainda que lá dentro resistam alguns valentes profissionais tentando manter a cabeça fora da merda, é fato que os hábitos alimentares de suas direções se mantém os mesmos. Assim, ainda que o que manda seja o gerador do caos e do sofrimento, o empresariado midiático estará do seu lado, amealhando lucros, ganhando com a dor alheia. Não há compromisso com a informação, com o público, com a sociedade. É apenas um bando de gananciosos, digno do mais profundo nojo.

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Elaine Tavares é Jornalista em Florianópolis.

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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