Por Altamiro Borges.
Iniciada em 17 de maio, a greve dos docentes das universidades federais já é uma das mais longas da história da categoria. A cada dia que passa, ela também ganha novas adesões. Segundo balanço divulgado pela Andes (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior) nesta quarta-feira, professores de 51 instituições federais já aderiram à paralisação.
Apesar da sua força crescente, o governo mantém-se inflexível. Nesta terça-feira (5), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, até se reuniu com o comando da greve, mas nada de concreto foi apresentado. “O MEC chamou a gente para conversar, mas por causa da nossa pressão. Eles ainda não têm uma nova proposta”, afirmou o líder sindical Aloísio Porto.
A ortodoxia do superávit primário
As reivindicações da categoria esbarram na ortodoxia do Ministério do Planejamento, que insiste em manter o elevado superávit primário em detrimento da educação. A principal exigência dos professores é a revisão do plano de carreira, que está totalmente defasado. Eles também criticam o sucateamento do setor, exigindo mais investimentos e a contratação de novos professores.
“Existem instituições sem professores, sem laboratórios, sem salas de aula, sem refeitórios ou restaurantes universitários, até sem bebedouros e papel higiênico”, denuncia a carta aberta da Andes à sociedade. O texto aponta que a desvalorização da carreira docente prejudica a qualidade do ensino e critica os sucessivos cortes no orçamento para a educação.
Oportunismo político do PSDB
A falta de sensibilidade da área econômica do governo tem dado brechas para o discurso oportunista de algumas forças políticas. Segundo o Estadão, o PSDB decidiu responsabilizar Fernando Haddad, candidato petista à prefeitura paulistana, pela longa greve. “A atuação do ex-ministro, que chegou a ser classificada de ‘revolucionária’ pelo ex-presidente Lula, é considerada precária pelos tucanos e, por isso mesmo, deverá ser utilizada como alvo de críticas pela campanha do tucano José Serra”, relata o jornal.
Os tucanos, que sempre combateram os planos de democratização do ensino dos governos Lula e Dilma, agora aproveitam para se vingar. Para Sérgio Guerra, presidente da sigla, “a gestão dele [Haddad] não o credencia a ser prefeito nem sequer a continuar como ministro. O que ele desenvolveu, nem o ENEM nem o Reuni, não convence ninguém… Se ele tivesse sido um ministro da Educação como o Serra foi da Saúde, teria sido perfeito”. Haja cinismo e demagogia!
Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/