Por Wevergton Brito Lima.
Lula não vai transformar o Brasil em uma Cuba ou em uma Venezuela. Mesmo os comunistas não defendem isso, mas Lula, que não é nem nunca foi comunista, seria ainda menos “suspeito” de sustentar um absurdo desses, até porque já governou o país por oito anos sem que ocorresse este estranho fenômeno de transmutação nacional.
Lula não é comunista. Mas é um brasileiro de origem operária, com consciência de classe, amor pelo Brasil e com forte vocação democrática. E isso o aproxima dos comunistas. E não é de hoje. Contudo, nem os comunistas nem Lula abriram mão de suas identidades políticas próprias por conta desta proximidade.
Aliás, a luta política brasileira tem atualmente um aspecto interessante: todos as conquistas do humanismo: democracia, igualdade, defesa das minorias, dos direitos humanos, são apontadas como coisas de “comunista” pela propaganda da milícia fascista brasileira.
Isso tem um lado verdadeiro: os comunistas realmente são comprometidos com estes princípios, mas tem igualmente um lado falso: estas bandeiras não são propriedade exclusiva dos comunistas, nem mesmo da esquerda.
Um cidadão conservador no plano moral e/ou ideológico pode (e deve) defender estes valores.
O neofascismo tupiniquim, recorrendo ao método Goebbels (uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade) tenta carimbar todos os seus adversários, ou seja, todos os democratas, com a palavra “comunista”, que graças à incessante propaganda reacionária, tem uma carga negativa em parcela não desprezível da população.
Desta forma, a coisa chega um nível anedótico, sendo alcunhado de “comunista” qualquer um que se oponha ao neofascista. Já receberam este galardão pessoas e instituições notoriamente adversárias figadais dos comunistas: The Economist, O Globo, Joe Biden, Folha de S. Paulo, Emmanuel Macron, William Waack, etc. O “novo comunista” é o Amoedo.
E o que está em jogo nesta eleição não é, ao contrário da falácia com que tentam iludir o povo brasileiro, a batalha contra o “comunismo”.
Diante de nós temos a escolha mais fácil de todos os tempos: um não comunista, porém um ser humano democrático e sensível às dores do seu povo: Lula, que enfrenta, do outro lado, Bolsonaro, um fanático neofascista, autoritário e incompetente.
Lula, durante seus oito anos de governo JAMAIS, repito, JAMAIS, atentou contra o mais livre e amplo exercício da democracia.
Qual o jornalista foi ameaçado por fazer críticas ao governo Lula? Qual a pessoa apanhou ou morreu por ser oposição a Lula?
Eu não tenho fé religiosa. Lula é cristão. E não é cristão por conveniência ou hipocrisia política. Sempre foi.
Lula nunca oprimiu qualquer religião e respeitou a todas. No início dos anos 2000, antes de Lula assumir em 2003, os evangélicos eram 15% da população brasileira, segundo o IBGE. No último ano do segundo mandato de Lula, em 2010, os evangélicos já representavam 22,2%, segundo o mesmo IBGE.
Já os “sem religião” passamos de 7,3% para 7,6%. Crescemos quase nada nos oito anos de Lula. Fomos discriminados! (atenção bolsominions, este último trecho contém ironia).
Quando Lula estava preso, recebeu do Papa Francisco uma carta onde o Santo Padre escreveu: “quero lhe manifestar minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”.
Eu sou, orgulhosamente, comunista e vou alegremente votar no não comunista Lula por diversas razões e, neste momento histórico, por uma razão em particular: a defesa da democracia, fundamental para que os trabalhadores possam lutar em defesa dos seus direitos.
E com o meu coração comunista repleto de esperança no futuro do Brasil, peço respeitosamente licença aos pastores verdadeiramente cristãos, aos pais e as mães de santo e a todos os religiosos e religiosas para citar, como uma oração, mais um trecho da já mencionada carta do Papa Franciso que previu: “o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”. Que assim seja no segundo turno, com a vitória de Lula, amém.
Wevergton Brito Lima, militante comunista e eleitor do não comunista Lula.
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