A greve do Ministério da Saúde

A greve do Ministério da Saúde é um movimento com grande potencial para intervir nos grandes debates nacionais sobre a crise do Sistema Público de Saúde e as consequências para a população mais pobre que sofre para ser atendida nas unidades de saúde. Na outra ponta, trabalhadores desvalorizados recebendo baixos salários, sem qualquer motivação para continuar exercendo suas atividades, que fazem de forma heroica e com determinação para atender os milhões de usuários do SUS. Mas que tem a ousadia de irem a luta para defender a Saúde Pública e por sobrevivência, assim escrever mais um capítulo na história de luta da classe trabalhadora.

À frente do movimento, o Comando de Greve compreende que é necessária e urgente ampliar o movimento em todo o País, paralisando principalmente os núcleos estaduais e as unidades de Saúde nos grandes centros, construindo comandos unificados com os trabalhadores em Greve do Serviço Publico Federal. O Comando entende que é importante construir a unidade com os trabalhadores do SUS, realizando reuniões nos estados com os sindicatos da Saúde e preparando um Encontro Nacional dos trabalhadores da Saúde.

O Comando Nacional realizou atividades dia 2 de julho, no Ministério da Saúde, com arrastão em todos os setores para chamar mais trabalhadores a virem para a Greve. Com as demais categorias em Greve foi realizado um Ato na Direção Geral da Funasa e uma audiência com o Presidente Gilson de Carvalho, sendo que os representantes do governo comprometeram a enviar memorando aos estados orientando a suspensão de corte de ponto enquanto não vier qualquer orientação superior.

Audiência no Planejamento

O Comando Nacional participou de uma audiência com Secretário de Relações de Trabalho (SRP). Estavam presentes também o Comando de Greve de Brasília e a Condsef. Na reunião foi reafirmada a pauta de reivindicações da categoria e o seu ponto principal: equiparação com a remuneração do INSS, hoje R$ 7.010,00 para a última referência.

O Secretário mais uma vez informou que o governo ainda não concluiu os estudos para formalizar uma proposta e que está debatendo isso internamente com os diversos setores de forma a ter uma visão macro do quadro. Segundo ele, a data para apresentar uma posição do governo às entidades sindicais é o dia 31 de julho, mas o governo estaria fazendo esforços para chegar a uma posição antes disso.

A reunião foi tensa, não só pela posição firme da Fenasps, exigindo um tratamento respeitoso por parte do governo e o fim da enrolação que tem caracterizado as reuniões com o Mpog, como também a intervenção dos servidores mais novos, concursados no último concurso, que demonstraram toda a sua indignação acumulada com o tratamento que têm recebido.

Os sindicalistas apresentaram dados como a evasão de servidores concursados recentemente, o pagamento de salários de R$ 9.000,00 para consultores que fazem o mesmo trabalho que o pessoal do quadro, a situação privilegiada que têm os detentores dos altos cargos da administração pública e a situação que estão os trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência que estão na Carreira do PST.

Sérgio Mendonça não gostou das colocações e as levou para o lado pessoal esquecendo que as críticas são para o governo e não individuais e o que os servidores desejam  prestar os serviços para a população com dignidade, o que os salários pagos não permitem.

A reunião encerrou sem acordo, já que o governo insiste em que não tem acúmulo para apresentar uma proposta. O movimento reafirmou que manterá e ampliará a Greve em todo o País.

Fundo de Greve

O Comando Nacional de Greve reunido no final da noite de ontem, dia 2, discutiu iniciativas para ampliar a Greve em todo o País com a confecção de materiais que alimentem os sites, bem como cartaz nacional e material específico para Brasília, onde a Greve no prédio no Ministério da Saúde é muito forte, mas é necessário ampliá-la para o conjunto do Distrito Federal. Foi avaliado ainda a necessidade de fortalecer o Comando Nacional de Greve enviando representantes dos estados.

Cumprindo as deliberações da Plenária Nacional da Fenasps realizada dia 1º de julho, foi elaborada uma Planilha do Fundo de Greve com base nas resoluções congressuais com valores atualizados pela atual realidade das entidades sindicais. É importante que entidades estaduais, mesmo a que esteja em processo de mobilização contribuam com o fundo para viabilizar as ações do Comando de Greve.

A Greve Nacional do Ministério da Saúde completa três semanas e segue crescendo!

Foto: Em SC, prédio do Ministério da Saúde está fechado desde o dia 28 de junho. 

Fonte: Fenasps

1 COMENTÁRIO

  1. É uma boa fonte. De fato foi o único jornal que retratou o que ocorreu na reunião do Ministério do Planejamento com o Srº Sérgio Mendonça. É importante citar também outros fatos que ocorreram na reunião.
    Os consultores citados na matéria, além de não atuarem nas frentes de trabalho para que são contratados, a grande maioria deles exercem as atividades típicas de servidores públicos, o que já foi objeto de ação civil pública. Além do mais, os critérios de seleção dos mesmos são subjetivos, muitas vezes baseados no critério amizade, parentesco e etc, o que é vedado por lei.
    Então olha só que interessante: enquanto um servidor de nível intermediário, que estuda anos e passa por um processo seletivo ganha em torno de R$ 2.500,00, bruto e R$ 1.9000,00, líquido. Um consultor que hoje ganha R$ 9.000,00, conforme citado na matéria. Daria para se contratar quase quatro servidores. E não para por ai, eles terão um reajuste espontâneo de 45% (quarenta e cinco por cento), o que perfaz o valor de 13.050,00. Daria para contratar mais de 5 servidores, ambos de nível intermediário, daria para contratar vários servidores de nível superior também tendo em vista que muitas carreiras recebem em torno de R$ 3.500,00 .
    Ressalto que, esses consultores não contribuem para o fisco, ou seja, não geram receita para o estado!!! É um absurdo!
    A greve acontece porque os servidores não aguentam mais os seus setores se esvaziando. Por causa dos baixos salários as pessoas vão para outros órgãos.
    No último concurso realizado para preencher 600 vagas chamaram em torno de 2.100 pessoas, mas preencheram um pouco mais de 500, conforme informa no Aviso Ministerial 105, em que relata-se também alta rotatividade do órgão por conta dos baixos salários, e que pode-se fazer vários concursos que sem aumentar o salário não conseguirá resolver esse problema. E várias dessas pessoas pediram exoneração talvez tenha restado somente 350 dessas pessoas, por enquanto. O serviço acumula para aqueles que ficam.
    Dois dias depois da reunião saiu uma publicação de concurso no Ministério da Saúde para provimento de 2.500 vagas. Para substituir os consultores. Mas aumento para manter os servidores na casa, nada. Mas em contrapartida, o governo alega que, embora seja polêmico, assim tiver uma folga no orçamento haverá reajuste dos Cargos Comissionados, sob a alegação de que estão perdendo pessoas capacitadas para a iniciativa privada!!! Engraçado, eu nunca vi um DAS pedir exoneração, pelo contrário, morrem de medo de perder o posto… Será que é uma nova forma de contratar esse consultores?

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