Por Míriam Santini de Abreu, para Desacato.info.
A Administração Gean Loureiro parece cada vez mais empenhada em se fazer conhecer pelo mais furioso ataque aos direitos dos servidores municipais de que se tem notícia. Nesta sexta-feira (20), às 16 horas, pode haver sessão extraordinária na Câmara de Vereadores para votar o projeto de lei 17.484/2018, que inclui as OSs (Organizações Sociais) na gestão de serviços em Florianópolis.
Como fez em janeiro do ano passado, quando 30 projetos, a maioria de conteúdo privatista, desembarcaram na Câmara, o prefeito apresentou a proposta sem debate prévio com Conselhos, entidades e organizações que representam a população. Loureiro continua, como naquela ocasião, a entoar a cantilena da falta de recursos para dar conta da folha de pagamento dos servidores. Mas não dá explicações sobre os mais de 400 comissionados que contratou para trabalhar na administração do município e nem do absurdo gasto em propaganda nos meios de comunicação – cerca de 10 milhões de reais – tentando convencer a população de que o projeto é bom.
Enquanto isso, de nada se sabe sobre a atual lista de devedores do município, que em 2015 chegava a R$ 1,3 bilhão. Quem pagou? Quem continua devendo? Quanto? A lista divulgada há três anos mostrava que os maiores débitos incluíam grandes construtores e hotéis, os mesmos que dia a dia vendem na mídia a ideia de sua responsabilidade social.
Na Câmara, o que se vê é a completa subserviência dos vereadores da base do governo à proposta de privatização. Recusam-se até mesmo a aprovar uma Audiência Pública para debater o projeto. Ao contrário, votaram por maioria que siga a tramitação de urgência urgentíssima, dando aos vereadores de oposição uma semana para analisar a medida e buscar barrá-la. Como se isso não bastasse, o vereador Bruno Souza, que se auto-intitula liberal e é do PSB (isso mesmo, Partido Socialista Brasileiro), apresentou proposta de CPI para investigar o Sindicato dos Municipários (Sintrasem). A gestão de Loureiro vai na esteira do governo federal, onde o entreguista-mor do mesmo partido (MDB), Michel Temer, empenha-se do dia à noite para satisfazer os interesses do grande empresariado e dos financistas internacionais.
A ordem é não deixar nada do que é público em pé, sempre com o discurso da falta de recursos. Enquanto isso, o Sintrasem, apoiado por dezenas de entidades, tem feito um belo trabalho junto à população, mostrando o estrago que essas OSs provocaram em várias cidades do país. Os próximos dias, portanto, serão fundamentais para traçar o futuro do atendimento de serviços como saúde e educação em Florianópolis.
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