Por Jardel Santana e Wagner Santos.
Deveria ser obrigação de todos/as questionar a respeito da função dos grandes meios de comunicação no Brasil. A quem estão servindo?
Essa provocação parte de um fato ocorrido no Brasil. Entre os dias 22 de dezembro e 05 de janeiro ocorreu em Mato Grosso do Sul, no município de Jutí, o Acampamento Internacional de Observadores dos Guarani Kaiowás. E no dia 06 de janeiro teve início a Expedição ao território Kaiowá-Guarani “Cacique Marcos Verón” – TekohaNhe’eAyvuArandu, a qual tem como objetivo produzir relatórios e vídeos, que documentem a expedição realizada às terras com mais vulnerabilidade de conflitos, mortes e perseguição, e onde a demora pela demarcação é sentida com mais violência.No acampamento estiveram presentes, ao todo, 30 pessoas, uma dessas de Portugal. A previsão de participantes na expedição é de 20 pessoas.
Os Guarani Kaiowás há muito tempo vêm sofrendo ameaças, não somente isso.Em menos de 10 anos (2003 – 2010) 252 indígenas foram assassinados somente em Mato Grosso do Sul, em todo o Brasil foram 453 assassinatos (conforme dados do Centro Indigenista Missionário – CIMI).
Lendo este texto até aqui, você deve estar se perguntando, o que tais informações têm a ver com a provocação inicial, a respeito da função dos grandes meios de comunicação. Tem tudo a ver!
A grande mídia brasileira se cala diante desse genocídio (conforme a Lei de n° 2889/56 – art. 1º Genocídio é: Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a – matar membros do grupo; b – causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c – submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d – adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e – efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo), portanto o termo se aplica muito bem a situação vivida por aquele povo.
Durante o acampamento houve ameaça de morte contra algumas lideranças, o que é recorrente na região. Tal fato foi noticiado em alguns países da Europa (Espanha, França e Portugal), chegando inclusive a ser notícia em um dos periódicos mais lidos da Espanha (El País), enquanto no Brasil, não fossem as mídias alternativas, nada teria sido noticiado. E hoje (07/01), foi publicado no blog do Comitê Internacional de Solidariedade Guarani Kaiowá (http://solidariedadeguaranikaiowa.wordpress.com/), a notícia de um incêndio suspeito em território indígena Guarani Kaiowá.
Os grandes meios de comunicação do Brasil faz com que vivamos em uma sociedade do espetáculo, onde tudo aparentemente tudo está bom, enquanto milhares de homens, mulheres e crianças estão sendo exterminados/as, devido à cobiça do agronegócio.
Voltando à provocação inicial, a função dos grandes meios de comunicação do Brasil, aparentemente está a serviço não da grande maioria da população brasileira, mas sim de uma pequena elite, a qual pretende deter o poder a qualquer custo, dizimando inclusive vidas inocentes.
Cada um/a de nós brasileiros/as somos responsáveis pelo extermínio que vem sofrendo, não apenas o povo Guarani Kaiowá, mas todos os povos indígenas do Brasil e é nossa obrigação exigir que a mídia divulgue o que vem ocorrendo com estes povos, assim como ocorreu em meados de setembro do ano passado, quando a mídia pressionada pela repercussão nas redes sociais da situação dos Guarani Kaiowás, se viu obrigada a noticiar o que estava acontecendo. Aquele momento de pressão via redes sociais passou e o povo Guarani Kaiowá continua sofrendo da mesma maneira, e a grande mídia nada noticia.
*estudantes de Psicologia da UCB, participantes do Acampamento Internacional de Observadores dos Guarani Kaiowás
Fonte: O MIRACULOSO