A tentativa de impeachment em curso marca o fim da polarização entre PT e PSDB, e o início da polarização entre a Frente Brasil Popular (FBP) e uma organização conservadora que emergirá de um eventual fracasso do impeachment; o PT não será derrotado, e sim se integrará a esta nova estrutura política progressista rumo à vitória em 2018
Por Nicolas Chernavsky, CulturaPolítica.info.
A tentativa de fazer o impeachment e novamente tornar o Brasil uma república de bananas provavelmente vai fracassar, porque felizmente o Brasil já não é uma república de bananas. Assim, as forças políticas que apoiarem o impeachment vão ficar, aos olhos da opinião pública, como símbolos do Brasil república de bananas. Do lado do progressismo, com o fim do financiamento de campanha por pessoas jurídicas, somente povo na rua e nas redes e doações financeiras de pessoas físicas (em geral de valor mais baixo) vão ganhar eleições. Portanto, só tem sentido uma estrutura política progressista com grande participação popular, como a Frente Brasil Popular (FBP), da qual o PT fará parte.
A história e as instituições democráticas do Brasil separarão o que foram acusações falsas contra o PT, como a farsa do “mensalão”, e o que foram erros políticos reais do partido, sendo que o principal foi, a partir especialmente do ano 2000, passar a financiar suas campanhas basicamente com doações de pessoas jurídicas. Com o julgamento do STF sobre o assunto a ser completado, e a não-constitucionalização das doações de pessoas jurídicas nas mudanças eleitorais feitas recentemente pelo parlamento brasileiro, termina a era das campanhas eleitorais bancadas por pessoas jurídicas. Assim, a Frente Brasil Popular (FBP), por mais que por enquanto não tenha finalidade eleitoral, vai ser confrontada pela realidade de que o Brasil, como país democrático, tem eleições e é assim que se chega ao poder no Estado. O desafio agora é construir bases firmes de democracia interna na FBP, garantindo um voto por pessoa e decisões tomadas por maioria. Quem sabe a FBP, se um dia tiver finalidade eleitoral, não possa organizar prévias abertas em que tod@s @s brasileir@s, independente de filiação, possam votar e escolher seus/suas candidat@s à presidência, governos de Estado e prefeituras?
No espectro político conservador, se o impeachment de Dilma fracassar, a perspectiva de vitória presidencial de Lula em 2018 e posteriormente de Fernando Haddad abrirá um período de desespero reorganizador, no qual tende a ser formada uma nova estrutura política conservadora, que venha a englobar o PSDB, sem que no entanto este necessariamente termine, a exemplo do que ocorrerá no progressismo. Mas o verniz progressista que o PSDB teve desde sua fundação já é fino demais, a ponto de ser contraproducente. Assim, o conservadorismo cada vez mais vai assumir o que é de fato, como estamos vendo claramente durante este ano de 2015. Somente para citar um exemplo de onde isto deve chegar, pode-se recordar que os partidos conservadores do Reino Unido, do Canadá e da Austrália se chamam…”Partido Conservador”.
Claro que tudo isto depende de que o impeachment fracasse. Se o impeachment ocorrer, o Brasil retrocederá décadas em seu desenvolvimento político, assim como ocorreu no golpe de 1964. Junto irá a América Latina e os países africanos inspirados pela democratização e o desenvolvimento do Brasil e da América Latina. Os BRICS sofrerão um abalo quase irrecuperável, com graves consequências para o mundo, inclusive a possibilidade de multiplicação de guerras regionais europeias como a do leste da Ucrânia. Cabe a cada um fazer sua parte neste momento. Uma leitura histórica da política brasileira indica que precisamos da Frente Brasil Popular (FBP) para renovar o progressismo brasileiro. Com democracia, rumo ao futuro!
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