Por Fábio Lau.
A fotaça de Márcio Alves escondida dentro do Globo prova o nonsense que é Segurança Pública. Na tarde em que PM e um turista holandês foram baleados no Chapéu Mangueira, comunidade no Leme, Zona Sul, uma operação seguiu ininterrupta. Indiferentes, em universos paralelos, a cidadã da foto e o policial tocam a vida. O cinismo, diante de tudo, é a placa limitando velocidade. Como se neste Estado autoridade, bandidos e cidadãos vivessem tutelados pelo respeito.
Segundo revela o jornal, o holandês estava almoçando no Bar do Davi, um boteco na favela que não tem vista para o cartão postal, mas mantém como atração a boa gastronomia. Os traficantes teriam tentado tomar a UPP da favela. E na troca do tiro o holandês ficou baleado. Deve ser verdade.
Mas o que escandaliza é que mesmo assim a operação seguiu. O Rio, conforme publicamos ontem, está na rabeira da visita de turistas no mundo. E é a única cidade brasileira entre as cem mais visitadas. Pudera!
Uma cidade que trata assim seus visitantes não deveria nem sequer ser visitada – somente por soldados de um Exército qualquer dispostos a treinamento de conflito armado.
A pergunta que se faz é: para quê mesmo que a polícia enfrenta traficantes? Para evitar que o viciado fume ou cheire? Essa falácia já caiu há muito tempo. Ela enfrenta traficantes para comprar arma e tomar dinheiro de bandidos. manter o ganho paralelo que este conflito garante. Só isso.
E vamos lembrar que o futuro governador, vocacionado para animador de circo, vai a Israel comprar drone para dar tiros em traficantes. Estes, por sua vez, vão ficar atemorizados e entrar na fila do emprego.