A força dos Povos Originários na Suprema Corte Brasileira

Foto: Alaas Derivas.

Por Roberto Liebgott/Cimi Sul.

Vivencia-se movimentos políticos e jurídicos que expressam intensa vontade de determinar quem deve ter ou não direitos.

Busca-se julgar a validade do que já está inscrito e há décadas promulgado.
Pretende-se dizer se há força na lei ou determinar sua extinção.

Decidir sobre sua eficácia e destinatários, se serão os povos originários ou os atravessadores inescrupulosos.

Discute-se a possibilidade de ter ou não ter direitos territoriais.
A justiça julgará a existência dos originários povos, seu passado, o presente, mas acima de tudo o futuro.

Levante pela Vida!

Rompe-se o silêncio, despertam-se os encantos de luz, as ancestralidades, os guias, as avós, todas e todos aqueles que já se foram.

Conduzem, anunciam, determinam a ritualização da resistência.

Nunca – como antes- se viu tanta exposição de corpos, adornos, cantos e ritos indígenas.
Energias que se somam, se amplificam e saltam pelas redes, telas, microfones, câmeras.
Se expõem, falam, cantam, denunciam, rezam, choram e seguem em marcha contínua.
Rompem-se as fronteiras, percorrem-se caminhos diversos e expressam seus sentimentos.
Manifestam suas necessidades, suas vontades e inquietações.

Demonstram seu inconformismo com os rumos da justiça que pode se fazer, uma vez mais, injustiça.

Sabem como as forças opressoras se coligam contra eles.
Como os atacam a luz do dia ou no silêncio da noite.
Conhecem os inimigos, sua covardia e perversidade assassina.
Sentem a dor em suas peles cortadas ou perfuradas pelas mãos, lâminas e armas da brutalidade e tirania.

Morre-se todos os dias junto à devastação do ambiente e com os soluços da Mãe Terra.

Os povos saem do anonimato.

Todos sabem onde estão, como vivem e pelo que lutam.
Não há como negar sua presença e existência.
Estão lá expostos, visíveis.

Convocam a lutar, resistir e construir caminhos.
Mostram que a Mãe Terra é a Terra Sem Mal, do Bem Viver, do Querer Bem.
Por ela se vive, por ela se morre e por ela se volta a viver.
Os povos nos ensinam, nesta jornada, a esperançar e sonhar o sonho bom.

Eles também nos pedem ajuda:

Lutar contra o marco temporal e pela defesa dos Direitos Originários.
Marco temporal não será contra os indígenas, tornar-se-á contra a humanidade.
O marco temporal é uma anomalia jurídica, é pandêmico, pois será precedente da desconstituição dos direitos fundamentais.

Pela Mãe Terra e não ao marco temporal!
Demarcação já!

Porto Alegre, 27 de agosto de 2021.

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