A fabricação da verdade: o triunfo da estupidez

Imagem: Pixabay.

Por Luiz Carlos Júnior, para Desacato. info.

Estou assustado. As faces com as quais me deparo cotidianamente não parecem entender o que está acontecendo. Fatos que outrora causavam pavor hoje causam paralisia. A naturalização do mal nasce dentro de templos religiosos. A cultura da estupidez, das palavras raivosas e alto timbre são mais importantes e aplaudidas que as suaves, porém lúcidas e racionais.

Mas quem poderia imaginar que, justamente, ao chegarmos no sonhado momento da história em que a maioria dos seres humanos pudessem usufruir de redes de comunicação e de ferramentas de democratização do saber, historicamente reservados a uma fração minúscula da população, fôssemos assistir o predomínio da estupidez sobre a sensatez.

A relativização da verdade põe a prova todas as conquistas científicas, das mais simples até as mais complexas. Os saberes e os conhecimentos produzidos, através de métodos exaustivamente testados e calculados, são desacreditados, minimizados e substituídos por novas verdades fabricadas em torno das necessidades de poder. Ou seja, trocamos a ´descoberta´ pela ´produção´ da verdade.

Contudo, é imprescindível aos que vivem sob a luz da consciência, que façam o exercício de imaginar a intencionalidade sutil que se esconde por trás dos grandes absurdos que ouvimos como, por exemplo, a bizarra teoria terraplanista ou o movimento antivacina, cujo propósito é criar uma cortina de fumaça para um projeto de poder ancorado em três pilares centrais: o fundamentalismo religioso, o estado policial e o medo do iminente inimigo imaginário, representado pelo “comunismo”, cuja onipresença é o combustível para o constante estado de alerta e vigilância.

Esses fatores criam no ideário popular, a concepção do “nós contra eles”, do inimigo a ser combatido, e se torna um terreno fértil para a alienação mental, que tem como uma das principais características a incapacidade de acreditar em quaisquer informações que representem uma ameaça, por mais óbvia e palpável que seja e, por outro lado, valer-se de toda e qualquer informação, por mais ridícula que seja, afim de fortalecer sua própria convicção. O resultado dessa mistura de elementos gera um sentimento de casta, intransponível, cuja necessidade de triunfo é maior que a razão.

Os tempos são outros, porém os ingredientes são parecidos com aqueles de épocas não tão distantes, cujos resultados conhecemos. A humanidade, ciclicamente, vive a ressurreição de tais fenômenos, os quais nos forçam a continuar, a brigar, reconstruir e sermos melhores novamente para que possamos avançar. Então seguimos.

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