A partir desta terça-feira (05/09) estará aberta à comunidade escolar a exposição “A Arte Como Conhecimento de Si”, de Tercília dos Santos, no Espaço Estético do Colégio de Aplicação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). A exposição é resultado do trabalho realizado pela artista com estudantes das turmas de quarto e nono ano das oficinas de Artes Visuais do Aplicação e vai até dia 21 de Setembro (a desmontagem será no dia 22).
De acordo com a curadora, Juliana Crispe, a exposição “é um manifesto dos afetos presentes na vida e obra da artista, que tem como aspiração que sua arte chegue às crianças, às escolas, que crie desvios dos espaços institucionalizados da Arte para que alcance muitas camadas e que tantas outras crianças possam, também, sonhar em serem artistas. “A Arte Como Conhecimento de Si” faz parte do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, da Fundação Catarinense de Cultura/FCC.
Tercília dos Santos
Tercília dos Santos é artista negra catarinense, tem 70 anos e há mais de trinta anos dedica-se à arte. Em 1990 frequentou os ateliês de pintura e desenho do Centro Integrado de Cultura (CIC), “onde tive aula com o Fernando Lindote, um artista que logo me incentivou a pintar do meu jeito, como eu via o mundo”.
Percebe a arte como um autoconhecimento, da sua infância passada junto com sua família no interior de Santa Catarina, em Piratuba, no oeste catarinense, onde nasceu.
Atualmente, mora no bairro Forquilhinha, no município de São José. Expõem regularmente em espaços nacionais e até internacionais.
Recebeu duas vezes premiações na Bienal de Arte Naif em Piracicaba, em 2005, e o Sesc/SC realizou uma exposição de suas obras em 2009, adquirindo todas as obras daquela exposição para seu acervo.
Além disso, tem obra em destaques no livro “Arte Naïf no Brasil”, editado pela Galeria Jacques Ardies de São Paulo, e é mencionada, também, no sistema das artes em âmbito internacional. Em 2013, no Museu Cruz e Souza, durante a gestão de Susana Bianchini,realizou exposição de suas obras e, no Masc, durante a gestão de Josué Mattos, também organizou uma exposição de suas obras em sala individual. Além desses espaços de exposição ligados aos museus, vem expondo regularmente na Galeria Jacques Ardies em São Paulo/SP, na Galeria André Cunha no Paraty/RJ e Eu Arte Galeria de São José/SC.
EQUIPE
Artista: Tercília dos Santos | Produção: Célia Maria Antonacci
Curadoria e texto: Juliana Crispe | Palestra: Célia Maria Antonacci e Sérgio Adriano H.
Assessoria Educativa: Cyntia Werner Assessoria de Imprensa: Linete Martins
Design Gráfico: Jan M.O. | Design de Internet: Redaviqui Davilli
Materiais Educativos:
Ana Clara Santos Oliveira e Lara Nunes | Ananda Guimarães e Maria Rita Quintino Kellyn
Batistela
* Materiais educativos desenvolvidos nas disciplinas de “Arte Africana e
Afro-Brasileira” e “Ação Educativa em Espaços Culturais”, Departamento de Artes
Visuais – CEART/UDESC
Escola parceira:
Colégio de Aplicação da Universidade do Estado de Santa Catarina
Professoras: Angelica D’avila Tasquetto, Michele Pedroso do Amaral e
Sheila Luzia Maddalozzo
Oficinas: Tercília dos Santos e Nicy Tânia Costa Carvalho (auxiliar)
Turmas: 4° ano e de 9° ano das oficinas de Artes Visuais
Coordenação Espaço Estético C.A / UFSC: Sheila Luzia Maddalozzo
A ARTE COMO CONHECIMENTO DE SI DE TERCÍLIA DOS SANTOS
“Comecei a pintar num sonho, acordei artista”.
Tercília dos Santos
Tercília dos Santos nasceu em Piratuba, no oeste de Santa Catarina, em 1953.
Começou a pintar somente em 1990, logo expondo seus trabalhos e recebendo diversos prêmios ao longo de sua carreira.
Sua pintura remete à infância e traz, em seus quadros, o protagonismo do povo negro. Com grande riqueza de cores, cenas do universo rural, rituais religiosos, brincadeiras infantis, a escola como espaço de afeto, diversas manifestações das culturas locais do Brasil e tradições, seus quadros possuem temas fundados no desejo de compartilhar a vivência, em seus múltiplos estados, partindo de suas subjetividades para relacionar-se com o outro, com a sociedade em coletividade, em escrevivência.
Aqui nesta exposição a escrita de Tercília se faz através da pintura em sua essência e não a escrita pela palavra em sua grafia. Criado por Conceição Evaristo, o termo “escrevivência” traz a junção das palavras “escrever e vivência”, mas a força de sua ideia não está somente nessa aglutinação; ela está na genealogia da ideia, como e onde ela nasce e a que experiências étnica e de gênero ela está ligada. Segundo a escritora e educadora: “A escrevivência não é a escrita de si, porque esta se esgota no próprio sujeito. Ela carrega a vivência da coletividade.”
Trabalhar a infância e os movimentos que nos constituem é, também, desejar trabalhar a autoestima, como diz a artista. Pensar suas histórias e as belezas de infância, além das belezas do contato com o outro e do universo escolar, é algo que marca a vida da artista e, por isso, a importância em realizar este projeto no contexto escolar.
Tercília parte da vida real para criar seu universo cromático, criando novos mundos no seu inventar-se. A memória é um espaço para a transfiguração de seu imaginário, em que a artista retorna ao sonho, como aquele que, em premeditação, sugere tornar-se artista, para nos convidar a entrar em suas temporalidades e quimeras.
Esta exposição, A Arte Como Conhecimento de Si, faz parte do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, da Fundação Catarinense de Cultura/FCC. É um manifesto dos afetos presentes na vida e obra da artista, que tem como aspiração que sua arte chegue às crianças, às escolas, que crie desvios dos espaços institucionalizados da Arte para que alcance muitas camadas e que tantas outras crianças possam, também, sonhar em serem artistas.
(Curadoria e texto: Juliana Crispe)
Serviço:
Exposição: 05 a 21 de setembro/2023
Desmontagem 22 de setembro/2023
19 de setembro – Palestra com convidados para estudantes do 9º ano
Local: Espaço Estético Colégio de Aplicação/UFSC