A esquerda de Florianópolis precisa criar uma Frente Única Social e Política

    Por Raul Fitipaldi.

    Entre o 1º e o 2º turno da eleição municipal de Florianópolis precisam sentar-se as bases de um novo diálogo entre a esquerda, os independentes e os movimentos sociais. Depois as cartas estarão marcadas. É agora que as principais lideranças partidárias realmente à esquerda do que representam Cesar Souza Jr. e Gean Loureiro, precisam consolidar os pontos de consenso para enfrentar o novo governo municipal, a partir de 2013. O Professor Elson Pereira e o Professor Lino Peres têm a responsabilidade histórica de estar à vanguarda desse desafio.

    A derrota da esquerda institucional representada pela candidatura do PCdoB/PT é produto da arrogância, da falta de projeto e por apostar na governabilidade antes de acreditar na vitória programática, na batalha de ideias, na militância. Essa conduta não pode nem deve conduzir uma renovação da esquerda da cidade, pois não teve ouvidos para as premências sociais, nem para um programa de ação que avance sobre a mera democracia representativa e a legalidade burguesa.

    A visão burocrática de cidade, o recorte definitivo do programa petista histórico (nem a postura combativa restou), com a finalidade única de obter a prefeitura agradando aos ricos e poderosos, dissimularam um crescimento real da esquerda em Florianópolis, que se unida poderá confirmar esse avanço progressista. Houve uma série de erros na campanha da candidata Ângela e um atitude tal com a esquerda histórica, que terminou por romper um processo de perda de identidade com as lutas que marcaram a cidade. O PT deverá revisar internamente este processo sem a contaminação do PCdoB, um partido sem identidade ideológica transparente ao longo do país.

    Os que votaram nulo sem ocultá-lo, os que apoiaram as qualidades programáticas que representou o Prof. Elson, a militância do PSoL, do PSTU e do PPL, os homens e mulheres de esquerda que restam no PT, e sobretudo, os movimentos sociais, precisamos compreender que chegou a hora de iniciar um processo de construção solidário, fraterno, ideológico, militante e muito claro desde o ponto de vista da posição que se assumirá a partir de 2013. Haverá que reunir os setores que, em breve, serão uma força capaz de intervir além da democracia representativa, instaurando as bases de diálogo que permitam levar Florianópolis à construção de uma Democracia Direta. Democracia que faça possível aliar a nossa comunidade ao novo momento da Nossa América, onde votar a cada 2 anos é pouco, é insuficiente e não é, ao fim, o que contribuirá para mudar a correlação de forças entre as classes sociais que se enfrentam historicamente, relação que em Florianópolis, continua sendo favorável aos mais ricos.

    3 COMENTÁRIOS

    1. Corretíssimo, mas toda a esquerda no mundo passa por essa crise de identidade,,, Somente a direita por ter claro seus objetivos se mantém coesa e unida. perdemos nós por isso.

    2. A esquerda, tanto qto a direita, só é algo rançoso e autoritário. Raul esquece que muitos dos que votaram nulo votaram assim pq recusam, politicamente, a política institucional. Não fazem o jogo dele de “já que não gosto desses candidatos não voto”, o que alguns chamam de voto nulo oportunista. Se algum dia houver qualquer coisa parecida com democracia direta, não será nas intâncias do estado, em qualquer de seus níveis, aliás, o estado é um obstáculo para isso. Ah, e quais grande mudanças a AL está vivendo? Chavez, Morales & Cia? Isso é piada de mau gosto… qualquer governo é uma usurpação e os de esquerda, ainda por cima, vivem de esconder suas canalhices, em tudo semelhante à direita.
      É engraçado, até onde eu sei, Raul ajudou a criar o PT e o PSOL e me deixa incrédulo como ainda investe nessa democracia burguesa de partidos, frentes, etc. É lamentável.

    3. Parabenizo pelo seu texto… traduz um sentimento que tenho sobre este momento que passamos na esquerda brasileira. Penso que todos nós militantes ou simpatizantes da esquerda devemos fazer tal reflexão… não acho que é só o PC do B que não tem identidade ideológica… outras também sofrem desta crise… mas isso é menor na tua reflexão… acredito que devemos iniciar logo este processo… mas temo que se isso começar no seios partidários, teremos um processo míope e esquizofrênico… Minha pergunta é: Como e onde? Acho que uma possível resposta está aqui nas redes sociais…
      Mas uma vez parabéns por sua reflexão.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.