Por Mailson Ramos
Nas vésperas do segundo turno das eleições de 2014, a revista Época, da Globo, tratava como sacrossanta verdade as delações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Também defendiam as delações do doleiro Alberto Youssef.
Época defendia que o processo judicial continuasse durante as eleições, mesmo com o risco de que a repercussão contaminasse o processo eleitoral. Naquele período, a presidenta Dilma Rousseff rebateu as mentiras contadas por Paulo Roberto Costa, afirmando que a oposição queria dar um golpe.
Em defesa do ex-diretor da Petrobras, em artigo de opinião, a Época afirmou: “Aos políticos que se sentem atingidos pelas revelações de Costa, um conselho: antes de candidatar-se, analise os atos seus e de seus partidos; se tiver medo da Justiça, fique longe das urnas”.
As impolutas delações de Paulo Roberto Costa foram recentemente contestadas pelo Ministério Público. Para os procuradores, ele mentiu em diversas passagens e teve os benefícios de delação premiada suspensos. A mídia, que naquele período agudo da disputa política, utilizou a Lava Jato para influenciar as eleições. E não parou por aí.
Para defender os vazamentos seletivos dos inquéritos da operação sediada em Curitiba, Época considerou: “A publicidade é a regra dos processos judiciais; o segredo de Justiça é a exceção. Se fosse feita a vontade de parte dos políticos brasileiros, ou a Justiça manteria processos de corrupção em segredo eterno, ou interromperia os trabalhos a cada dois anos para ‘não atrapalhar’ a campanha”.
Esta é a mídia que silenciou sobre os R$ 23 milhões de Serra na Suíça; que ignora as múltiplas citações de Aécio Neves na Lava jato; que suprime toda e qualquer nota sobre a máfia da merenda, em São Paulo. É a mídia que demorou longos quatro meses para divulgar o depoimento do Ceará que entregava a propina para o ‘mais chato’ (Aécio).
Esta mídia esquece-se das gravações de Jucá, Renan e Sarney para lembrar-se das conversas entre Lula e Dilma, divulgadas como combustível de uma convulsão social. E dizem que não há seletividade.
No auge da Lava Jato, não houve nada mais natural do que vazamentos seletivos de depoimentos “sigilosos”. Documentos encriptados, gravados com senhas eletrônicas e assinatura digital do MPF foram enviados para a imprensa sem mais. Os dutos deste vazamento jamais foram identificados, mesmo com a promessa das autoridades de que os responsáveis fossem punidos.
Fonte: Nossa Política