A direita argentina e a restauração do pior. Por Jorge Alemán.

O projeto da direita é o caso de vários ultradireitistas em todo o mundo: é a recuperação da ditadura por meios corporativos, midiáticos e judiciais.

Foto: @sabrina_telesur

Por Jorge Alemán.

As elites burguesas dominantes sempre tentaram estabelecer sua lógica de dominação do capital sem colocar em risco o Estado-Nação. Na verdade, um dos termos preferidos dos setores dominantes era “sustentabilidade”. Também “previsibilidade”, “modernização”, etc. Agora a direita argentina está embarcando em uma aventura na qual as constantes do mercado já não parecem ter prioridade exclusiva. Basta ouvir seus protagonistas para ver que se trata de um assalto ao poder absolutamente dominado pelo ódio político que surge por não ter vencido uma guerra que começou em 55 e atingiu seu auge na terrível ditadura de 76.

Os problemas econômicos a serem resolvidos agora são adiados, se for necessário que o país pegue fogo, mas agora, no presente da Argentina, uma máquina de guerra está sendo preparada – aproveitando a onda global do neofascismo – para finalmente destruir um possível ressurgimento do nacional e do popular. Nesse aspecto, o aspecto político-ideológico foi privilegiado em relação a qualquer outra questão. As inconsistências econômicas dos políticos de direita e dos atores da mídia são um sintoma claro disso. O plano é acabar com o peronismo de uma vez por todas, especialmente depois de sua versão maldita: o kirchnerismo.

É por isso que os significantes de 2001 aparecem, tanto a blindagem quanto Jujuy, a verdade sempre acaba encontrando seu caminho para aparecer, outra questão é se ela é ouvida por aqueles que deveriam ouvi-la.

Os novos ultraliberais de direita sabem que o neoliberalismo produziu uma desconexão com os legados históricos em grandes setores da população.

O capitalismo nem sempre assume formas inovadoras; há conjunturas históricas em que o mercado pode até mesmo ser destruído circunstancialmente para tentar acabar com o campo popular de forma definitiva.

Esse projeto da direita não é como o menemismo, uma versão neoliberal da política. Em vez disso, como é o caso de vários ultradireitistas em todo o mundo, é a recuperação da ditadura por meios corporativos, midiáticos e judiciais.

As mulheres, os jovens, os trabalhadores e os vulneráveis têm a possibilidade histórica de impedir tudo isso.

A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

 

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