Por Carlos Walter Porto-Gonçalves.
Há uma dimensão geopolítica a ser devidamente considerada para compreender as transformações que estão em curso na América Latina, sobretudo pelos desafios que se colocam para os grupos/classes sociais em situação de subalternização. Nesse artigo, essa problemática será analisada a partir do significado da crise brasileira, sobretudo para os destinos da América Latina e de seus povos.
O Brasil é o 4º país do mundo em extensão territorial contínua, o 5º em termos demográficos e o 8º PIB do mundo em 2015, era 5º em 2011). No continente americano o Brasil é o 2º maior país em extensão territorial contínua, atrás do Canadá, e o terceiro se considerarmos a área descontínua, pois o EEUU inclui o Alasca, o país 2º em termos demográficos e o 2º PIB. Esses dados implicam que o Brasil tem um peso próprio no cenário internacional, o que nem sempre é devidamente considerado mesmo nos debates acadêmicos, exceto nas áreas de estudos específicas. Ou seja, a importância geopolítica do país não ocupa o lugar que merece na sua agenda política.
Essa desconsideração do significado geopolítico do país se expressa, entre outras coisas, pelo relativo desprezo com que setores políticos e intelectuais devotam à América Latina e a maior importância que os EEUU ocupam no debate das nossas relações internacionais. Tudo indica que esse cenário esteja com os dias contados em função da reconfiguração geográfica e política que está em curso no mundo sistema mundo que impõe definitivamente essa consideração às elites políticas e intelectuais, o que nos obriga a considerar mais seriamente nossas relações com a América Latina e o Caribe. Afinal, está em curso um deslocamento do centro geoeconômico do mundo que, desde 1492 se organizara em torno do Oceano Atlântico Norte, em direção ao Oceano Pacífico.
Fonte: IELA.