Por José Álvaro de Lima Cardoso.
Alguns analistas já realizaram tentativas de calcular o prejuízo financeiro, decorrente do golpe de Estado de 2016, e que está em execução. Apesar das reconhecidas dificuldades para o referido cálculo, sabe-se, claro, que está na casa das dezenas dos bilhões de reais. O cálculo é dificultado pelo fato de que, alguns prejuízos são intangíveis, é impossível precisá-los em termos monetários. É o caso, por exemplo, do prejuízo para a soberania nacional, decorrente da colaboração entre os responsáveis pela Lava Jato e órgãos de investigação do Estado norte-americano, que já está bem documentado. Tal colaboração permitiu o acesso do governo norte-americano a informações sigilosas, que foram utilizadas para atacar e processar judicialmente a Petrobrás e outras empresas brasileiras, estratégicas para o desenvolvimento nacional.
A entrega de um campo de petróleo do Pré-sal, normalmente com bilhões de barris de petróleo, é possível calcular em dólares, mas é impossível calcular da mesma forma uma eventual entrega do Aquífero Guarani (maior aquífero transfronteiriço do mundo, que abrange o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), negociação que vem ocorrendo secretamente desde o governo Temer. Pode-se calcular mais ou menos o número de deputados comprados pelo governo para aprovar a destruição da Previdência Social, em primeiro turno na Câmara de Deputados, e quanto foi gasto na empreitada. Mas é muito difícil calcular o prejuízo social e econômico que 100 milhões de brasileiros, que dela dependem direta ou indiretamente, terão ao longo dos anos. Também é impossível fazer um cálculo um pouco mais preciso, do prejuízo que o Brasil está tendo, e ainda terá, com a fraude das eleições de 2018 – processo no qual a Lava Jato teve papel chave – e que colocou no núcleo de poder um grupo de fascistas descerebrados e a serviço do Império norte-americano.
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José Álvaro Cardoso é economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.
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