A diferença entre Alberto Fernández e Bolsonaro é a soberania

Na República Argentina, a empresa privada Vicentin, agroexportadora falida, com uma dívida centenas de vezes milionária e responsável por 10% da exportação de grãos do país se tornará, por decisão do presidente Alberto Fernández, numa empresa testemunha de preços e qualidade. Sobre o comando do estado servirá como reguladora do mercado local e permitirá o monitoramento da sociedade em matéria de transparência.

Isso abre uma onda estatizante na Argentina? Não. Trata-se sim de uma tentativa de defender a soberania e a segurança alimentar do país. Expressa a vontade de agir de uma forma diferente ao modo de atuar das multinacionais da alimentação. Procura-se aliviar a fome endêmica que deixaram as políticas neoliberais e corruptas do governo de Maurício Macri e sua aliança com o pior das elites do latifúndio argentino.

Vicentin vivia, durante o governo de Macri, de ajudas milionárias do Banco Nação que nunca esteve disposta a devolver aos cofres públicos. Se usou do dinheiro outorgado pelo amigo presidente para outros fins que não eram aumentar a capacidade de produção e geração de empregos.

Fernández observou que por causa da insolvência da Vicentin, a Argentina perderia muito na estratégica área da alimentação. Na segunda-feira, dia 8 de junho, decretou a transformação da agroexportadora em uma empresa de utilidade pública, capaz de ser transparente e gerar soluções numa sociedade faminta e atacada pelo desemprego e a pandemia da Covid-19.
O presidente argentino fez tudo o que Jair Bolsonaro não faria: pensar no interesse público, aliviar a fome, consolidar e ampliar empregos, colocar o país em condição soberana perante os interesses do capital e das elites nacionais e estrangeiras.

Em lugar disso, o presidente do Brasil já entregou, através do ministro de economia, mais de um trilhão de reais para os bancos, reduziu a quase nada as conquistas dos trabalhadores, devolveu o país ao mapa da fome, entregou a soberania nacional aos interesses dos Estados Unidos, destruiu e tenta destruir ainda mais o que resta das empresas estatais e se associa ao coronavírus em favor dos interesses de boa parte do empresariado nacional.
Alberto Fernández preside uma nação, Bolsonaro a destrói.

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