Por Sebastião Costa.
A maior tragédia já registrada na história da humanidade, a gripe espanhola, sob a responsabilidade da cepa H1N1 do vírus Influenza, em dois anos – 1918-1919, infectou meio bilhão de pessoas e remeteu aos necrotérios do planeta 40 a 50 milhões de viventes. Vale comparar com a mortalidade produzida pela Segunda Guerra Mundial: em oito anos 45 milhões de combatentes perderam suas vidas. Um detalhe: à época não haviam vacinas.
Corte para o início de 2020
O Sars cov-2 integra uma família de vírus que já andou assustando a população da China em 2002 – Sars-cov1, da região da Arábia Saudita em 2012/2013 – o Mers Cov, nascido nas entranhas de um dromedário, além do ALPHA E BETA coronavírus, apresentados ao distinto público no meio de década de 60.
Da cidade de Huan na China, o Sars cov-2 invadiu a Europa e daí partiu em busca do resto do mundo e deu no que deu: 370 milhões de casos, com uma mortalidade total de 5 milhões de óbitos.
Um confronto com os números de mortalidade do H1N1 com o Sars cov-2 e vamos observar uma enorme distância entre o potencial de letalidade entre as duas pandemias. Essa diferença estaria montada naturalmente nas condições sanitárias e de assistência médico/hospitalar, mas essencialmente no imenso potencial da vacinação em reduzir os casos de Covid na sua forma mais grave.
O coordenador da UTI do Hospital Agamenon Magalhães em Recife, Dr. Marcos Galindo, fala de sua experiência na rotina de atendimento de pacientes com a infecção:
“Os doentes vacinados agravam menos, têm menos disfunções orgânicas e chegam menos nas UTIs. Minha preocupação é com os não vacinados, porque eles tendem a ter risco maior de casos graves ou morte por covid-19”.
As estatísticas oficiais ratificam o pensamento do colega pernambucano . Em novembro de 2021, o Sistema de Informações do SUS registrou uma taxa de mortalidade de pacientes com diagnóstico de Covid de 16,3%, a menor de toda série histórica.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, a Dra Isabela Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações fala que “um dos efeitos da primeira geração de vacinas é que mesmo em pacientes que precisem de internação, a doença não evolua para quadros graves e óbito. Isso está ainda mais claro agora, com a ômicron, quando vivemos um cenário de onda enorme de casos, de alta transmissibilidade, mas, proporcionalmente, um aumento bem menor de hospitalizações e óbitos”.
Há de se perguntar no entanto, porque em meio a tantas vacinações ao redor do mundo e a variante ômicron surge com seu imenso potencial de transmissibilidade, passando a reverter integralmente as curvas epidêmicas da pandemia?
Vamos entender
Toda e qualquer epidemia/pandemia é alimentada pela desobediência aos mandamentos fundamentais, que inibem a transmissão do vírus entre as pessoas.
A saber: higienização das mãos, respeito ao distanciamento social, uso rigoroso de máscaras e essencialmente a vacinação em massa.
Quanto mais se desrespeita esses preceitos, mais se aumenta a circulação do vírus, estimulando o processo de sua replicação, que por sua vez vai promover o surgimento de novas variantes. Foi assim na Inglaterra – variante ALFA, na África do Sul – BETA, Manaus – GAMA, Índia – Delta e agora, novamente África do Sul, a variante ÔMICRON.
Dentro desse contexto, vale acrescentar um agravante: essas variantes, geralmente escapam parcialmente das vacinas previamente produzidas. É o caso da ômicron que anda, conforme já referido, invertendo todas as expectativas de controle efetivo da pandemia.
Portanto, nada mais sensato e oportuno afirmar, que a observação e a obediência rigorosas àqueles mandamentos, não custa repetir: higienização das mãos, distanciamento social, uso de máscaras e o mais importante, a vacinação de adultos e crianças, são as pilastras que vão alicerçar os caminhos para nos livrar de uma infecção, que já produziu tanto sofrimento ao redor do mundo.
Acrescentando, que é de absoluta importância no contexto atual, a consciência de todo cidadão, no sentido de que não se deve enxergar a vacinação como um ato individualizado.
Há um absoluto consenso entre infectologistas, epidemiologistas e as entidades sanitárias de todo o mundo, que só se vai inibir efetivamente a cadeia de transmissibilidade do coronavírus quando pelo menos 80% da população for devidamente vacinada. A imunização de nossas crianças está perfeitamente inserida nesse contexto. Em outras palavras, vacinar-se é uma atitude de sensibilidade coletiva, é colaborar conscientemente com o controle definitivo da pandemia.