Para Edison Braga – O Anjo Provocador
Por Raul Longo.
Inicia-se mais um novembro. Dentro de poucos dias por uma semana todo o Brasil se lembrará de que também somos um país negro, assim como em abril temos um dia para lembrar que somos, inclusive, um país indígena.
Provavelmente se exiba algum documentário. Pode até ser um “acaso” especial. Quem sabe alguns capítulos de novela com maior destaque para um providencial núcleo de negros?
Depois tudo volta ao normal e recuperamos nossas origens européias. E no decorrer do ano, para manter a imagem de Democracia Racial, vez por outra se insere a participação de um Lázaro Ramos ou uma Camila Pitanga em algum drama do confortável cotidiano europeu da classe média brasileira.
Camila Pitanga é ótima, pois apesar de assumidamente negra, se produzida ninguém percebe. E não deixa de ser homenagem ao pai, o ator negro Antônio Pitanga.
Se alguém reclamar de omissão da realidade sócio/cultural do país, a desculpa é pronta: os negros só servem pra samba e futebol. Não mais do que um ou outro Milton Gonçalves.
Grande Otelo na memória dos que ainda se lembrem do melhor ator do país e, de resto, samba e futebol.
Afora… Não há argumentos, histórias que os justifiquem. Somos a cultura dos loiros.
No zapping de qualquer controle remoto a propalada diversidade cultural brasileira varia entre o amarelo Xuxa e o moreno clarinho do casal Bonner. Nada além dos limites dos rígidos padrões raciais de qualquer emissora e veículo de comunicação.
Surfem pelos canais! Nos noticiários? Três, se tantos! Nas novelas?… Chegarão à meia-dúzia? Em programas humorísticos, talvez um pouco mais: quando não servem nem pra bandido, dão ótimos bêbados ou palhaços, como Mussum e Tião Macalé.
Nas teleigrejas? Católicas ou evangélicas, pois isso de fé eletrônica só se for do Cristo ruivo de olhos azuis como nunca nenhum judeu antes de, na Europa, se miscigenarem o DNA semita e saxônico, conformando o feitio consagrado por Hollywood que permite uma decoração sem comprometimentos, ilustrando paredes de residências dos que confiam que todos sejam iguais perante o Senhor.
Mas se por um momento o espectador estranhar algo de diferente na tela, não é preciso exorcizar o aparelho de TV. São os dois únicos seriados na TV brasileira com personagens negros; “Um tio da pesada” na Band, e “Todo mundo odeia o Cris”, na Record.
Não é necessário chamar a Opus Dei, o Padre Marcelo nem o Bispo Macedo, pois a produção de ambos é nos Estados Unidos.
Negros, sim, mas norte-americanos. Apesar de há até meados do século passado considerado o país mais racista do mundo, até os negros de lá são melhores do que os nossos.
Imaginem Zezé Mota como Ophra Winfrey, a mais rica e poderosa empresária da indústria de entretenimento naquele país!
(Qual o país mais racista do mundo?)
Por tal razão, impossível contar, aqui, a vida de um Milton Santos, por exemplo.
Quem o interpretaria? E quem o acreditaria como um dos mais destacados geógrafos do mundo, professor das mais importantes universidades européias? Um negro? E brasileiro!
Melhor que nem se saiba quem foi Milton Santos, pois na Europa da TV, da imprensa, dos chamados produtores de cultura brasileira; não cabem negros. Sobretudo negros brasileiros!
Quem, no Brasil, escreveria a história de um negro para um ator negro interpretar? Lima Barreto? Cruz e Souza?
Machado de Assis, o fundador da Academia Brasileira de Letras?
Por que conspurcar a memória dos próceres da cultura e das artes pátrias, recordando-os oriundos das senzalas?
(Qual o país mais racista do mundo?)
No Brasil, em todo novembro, as TVs, revistas e jornais reportam a Semana da Consciência Negra comprovando-nos uma Democracia Racial.
Notas, notinhas, matérias, e, aqui ou ali, considerações sobre as influências culturais como a feijoada, o samba e o rei do futebol.
Depois: prossiga a Europa tropical. Nossa terna Europa virtual que cotidianamente se reafirma no zapping dos controles remotos ou nos cromos do folhear das páginas de revistas brasileiras, e mesmo nos cliques dos portais informáticos, onde somos todos muito loiros e morenos claros. Bronzeados.
No zapp da Semana da Consciência Negra sequer se percebe que, no mundo, apenas a Nigéria tem mais cidadãos negros do que temos negros brasileiros.
Nem na África do Sul há tantos negros quanto no Brasil!
(Qual o país mais racista do mundo?)
Nelson Mandela é herói para a imprensa do mundo e da África do Sul. Luís Ignácio Lula da Silva, só para a do mundo.
Na Europa do surf pelos canais de TV e pelo folhear das publicações da imprensa brasileira, nordestinos são como negros em tempos de apartheid.
Qual o país mais racista do mundo? Atentem para a mídia que ela responde.
Talvez por esta razão em 2008 o diretor de TV Edison Braga me convidou para transformar o livro “Filhos de Olorum – Contos & Cantos de Candomblé” em roteiro de seriado de TV, a partir de uma daquelas histórias que ele próprio já havia adaptado.
Com sua larga experiência de diretor de sucessos de audiência como a primeira versão da novela “Mulheres de Areia” de Ivani Ribeiro, exibida pela extinta TV Tupi nos anos 73 e 74, e adaptações para especiais da TV Cultura de diversos clássicos da literatura brasileira e universal, como Machado de Assis e Dostoievski; Edison desenvolveu novos personagens para o conto que inicialmente pretendeu roteiro de longa-metragem, mas sem conseguir superar a cronologia de um curta.
Espichar a história não me pareceu recomendável e sugeri que buscasse contos de outros autores que por ventura se interessassem pelo mesmo tema, reunindo quatro ou cinco curtas para completar o tempo de exibição de um longa.
Primeiro preferiu o mais prático: uma seleção de outros contos do mesmo livro. Depois imaginou que poderíamos criar um elo que alinhavasse as histórias selecionadas.
Lembrei antigo comentário de Ignácio de Loyola Brandão (publicado em meados dos anos 70 pela revista Escrita) considerando o livro, ainda inédito, como “um quase romance”. E me pareceu possível.
Então Edison veio me visitar para juntos tecermos esse alinhavo. Foi quando tive o prazer de desfrutar da companhia de uma das criaturas mais doces e carinhosas que já conheci.
Depois de 15 dias de muitas conversas, com a participação de meus vizinhos que, tanto quanto eu, se encantaram e se apaixonaram pelo Edison Braga; definimos o encaminhamento da trama a ser percorrida pelos personagens do Edison para, encontrando com os dos meus contos, se compor cinematograficamente o romance antevisto pelo Loyola.
Logo nos demos conta de que muito mais do que diversos roteiros de curtas-metragens ou um roteiro para longa-metragem, resultaríamos em episódios de um seriado de TV. Quase uma telenovela.
Exatamente o que eu tentava convencer ao Edison evitarmos, na certeza de que para o cotidiano das emissoras de TV a cultura negra brasileira é uma deliberada e premeditada omissão.
Quando muito, negros norte-americanos que odeiem o Cris ou sejam sobrinhos de um tio da pesada. Mas negros brasileiros inexistem.
Edison argumentava lembrando alguns falecidos amigos em comum: Solano Trindade, Abdias Nascimento, Ruth de Souza, Dalmo Ferreira. E eu contra-argumentava pelo próprio ostracismo a que esses talentos sempre foram relegados, insistindo no cinema como única possibilidade de produção de nosso projeto.
Então Edison tentava me convencer pelas oportunidades que poderíamos estar criando para os amigos ainda atuantes, como Aldo Bueno e João Acaibe. Eu citava muitos outros da Bahia, de Pernambuco, do Rio de Janeiro… Tanto ou ainda mais ignorados pelas emissoras de TV do que o Aldo e o Acaibe com seus prêmios e aplausos. Todos fora dos limitados padrões de Democracia Racial de nossa mídia, restrita entre o blond e o brunette.
Chegava a ser dolorido discutir com pessoa tão querida e que dedicou toda sua vida à TV brasileira. Rememorava dos tempos em que rompera com os padrões de sua época trabalhando com Gian Franchesco Guarnieri, Adoniran Barbosa, Anselmo Duarte, Chico de Assis, Plínio Marcos e outros que agora à memória me falham, mas igualmente de minha admiração.
Nesses momentos, dos olhos do Edison escorriam líquidas saudades, mas nem assim me convencia de que poderíamos repetir o que fizeram nos tempos da Tupi, a primeira emissora de TV do Brasil.
A própria sensibilidade, candura, e, sobretudo, a simplicidade de Edison Braga me transpareceram o que aquele notável ser humano não quis revelar. Apesar de branco, Edison também era um dos descartados pela fábrica de modismos momentâneos.
Sua personalidade não condizia com as superficialidades, egolatrias, subserviências e outras abjeções muito próprias e necessárias para o reconhecimento no meio. Mas nesse seu segredo descobri também o orgulho que mantinha em homenagem àqueles companheiros que o faziam chorar. Edison e eles todos, juntos, foram os verdadeiros inventores da TV brasileira. Foram eles os que realmente criaram a estreita relação entre aquele veículo e o público do Brasil.
Nos relatos sobre como desenvolveram aquelas antigas novelas, seriados e adaptações, se desvelava um projeto, uma intenção de trazer para a TV o que antes transmitiam pelos palcos de teatro e telas de cinema. Um processo posteriormente traído, encampado. Roubado e degradado.
A transparência do amigo dispensava palavras, mas pouco antes de partir, depois de encontrarmos um rumo para tecer os elos das histórias do “Filhos de Olorum” (encontrarmos é modo de dizer, praticamente foi tudo ideia do Edison), confessou num sorriso maroto e menino: “Vai ser para encerrar a carreira com chave de ouro”.
Eu sabia que na verdade o significado lhe era muito maior do que apenas se provar ainda capaz de boas realizações. Ele não disse diretamente, mas em tudo o que contou estava claro que em nome de todos aqueles seus antigos companheiros, realmente pretendia era demonstrar o que desejaram para a TV brasileira. Para a concessão pública usufruída por ridículas farsas de grosseiras imitações hollywoodinescas a omitir nossa verdadeira cultura e realidade, nos mentir europeus ou norte-americanos.
Edison se foi tirando-me a promessa de andarmos rápido com a confecção daquele roteiro porque “logo vou precisar da chave para fechar a porta” – escreveu numa de suas últimas mensagens onde contou, entusiasmado e confiante, do interesse pela sinopse que expôs a uma diretora da TV Cultura, filha de Guarnieri, mas de quem já não recordo o nome.
Combinamos que eu faria as primeiras versões dos episódios e ele se incumbiria de dar-lhes tratamento e linguagem cinematográfica ou teledramatúrgica. Nunca confessei minha real intenção de rascunhar apenas um episódio de abertura e outro de fechamento, com mais uns três ou quatro que, no meio, recheariam a sequência de um longa-metragem.
Cobrava-me por esta desonestidade com o amigo, mas desculpava-me pela convicção que ainda mantenho de que jamais uma emissora de TV produzirá um seriado sobre a cultura negra brasileira.
Cerca de dois meses depois de Edison ter retornado à São Paulo, com promessas de voltar para documentar meu amigo Gugu, portador de síndrome de down, para o quadro “Superação” do programa sobre portadores de deficiências físicas e mentais que então dirigia; acordo com um triste telefonema contando que naquela madrugada Edison Braga fechara definitivamente a porta e fora se encontrar com aqueles amigos cuja lembrança tanto o sensibilizavam.
Edison me deixou a chave, mas em minha inexperiência é liga frágil de latão e sequer tenho como encontrar a fechadura. Nosso relacionamento, apesar de tão gratificante, foi muito breve para que pudesse herdar algo de seus conhecimentos.
Por outro lado, por mais que tente me esconder atrás dos meus desconhecimentos na área, não posso fugir à responsabilidade de tentar cumprir exatamente com o prometido ao companheiro. O jeito foi tentar dar conta da tarefa da melhor forma possível, contornando minhas limitações evitando ao máximo a utilização da linguagem técnica e incorrendo nos erros de principiante.
Além daquela primeira adaptação de um conto do “Filhos de Olorum” pelo Edison, tomei como modelo outro seu roteiro, este sim de puro cinema: “O Gato Toscano”, uma belíssima e sensível versão biográfica de Gino Meneghetti, lendário ladrão emigrado da Itália que na São Paulo do início do século passado se notabilizou como ladrão de joias, com incrível habilidade para escapar dos cercos policiais pulando pelos telhados. Ficou famoso como “o gato dos telhados”.
Afora isso, imaginava passar os roteiros dos episódios para alguns amigos cineastas que pudessem me auxiliar com críticas e sugestões, preenchendo a falta dos conhecimentos do Edison. Porém, por mais que considere essa incumbência como compromisso a ser cumprido na íntegra e em forma de seriado para TV como, a meu contragosto, pretendia o amigo; mesmo sentindo-me satisfeito com a experiência totalmente nova para mim, continuo não acreditando na possibilidade de que alguma produtora de TV venha a submeter essa série de roteiros às necessárias correções técnicas, com alguma intenção de realização do desejo de Edison Braga.
Exatamente por esta minha descrença cheguei à conclusão de que a única forma de atender de alguma maneira ao que o bom companheiro pretendia com esse seriado, é distribuir semanalmente cada episódio para meus correspondentes, na esperança de que alguns abram os anexos e tentem ler como se os assistissem pela tela de seus aparelhos de TV.
Os que não desejarem recebê-los, ou que estejam certos de que não abrirão os anexos, não se constranjam em me avisar. Será perfeitamente compreensível, pois muitas são as razões do porque também não leio a maioria do que me é enviado pela internet e a principal é a total ausência de tempo para tudo.
Já àqueles que se interessam pela cultura afro-brasileira, peço que repassem esse envio semanal a outros de seus relacionamentos com igual interesse à abordagem. Ou que me informem endereços de pessoas e entidades relacionadas aos temas contidos neste seriado, do qual se tem aí no anexo o primeiro episódio. Na próxima semana outro e assim seguidamente, cada qual dedicado a um orixá do panteão afro-brasileiro.
Axé!
Imagem: povo-umbanda.blogspot.com
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA:SOMOS UM PAÍS MISCIGENADO QUE TORCE O NARIZ PARA NEGRO, POBRE E FAVELADO
Milton Corrêa da Costa
Comemorou-se neste 20 de novembro o Dia de Zumbi, líder da resistência à colonização no Quilombo dos Palmares, em Alagoas. É também chamado de Dia da Consciência Brasileira mas que deveria chamar-se, em verdade, Dia da Consciência Discriminatória. No Brasil, um país eminentemente miscigenadO -mas de nariz em pé- há dois tipos flagrantes de discriminação, muito arraigadas à sua cultura: a racial e a social. Registre-se que sou descendente de negro, índio e europeu. Meu pai, nascido no interior do Estado de Pernambuco, no início do século passado era filho de negro com índio. Minha mãe, filha de português com espanhol. Portanto uma autêntica miscigenação. Por isso, tenho respaldo, como brasileiro autenticamente miscigenado, para abordar o assunto.
Não é preciso divulgar dados de nenhum censo, ainda que nos forneçam respaldo para tratar do tema, para observar que falta muito para que os negros brasileiros (pardos e pretos) sejam libertados da escravidão na prática. Dados da escravização atual permanecem fortemente indicando que a inclusão social de pobres e negros ainda está muito distante no país. Negros e pobres continuam recolhidos aos guetos de morros, favelas, palafitas, moradias humildes, sem saneamento básico, sem educação, famintos e sem dignidade, situações chocantes- há localidades sem água para matar a sede- que os conduz às mais diferentes moléstias e condições sub-humanas de sobrevivência
Quis fugir dos números mais acabamos recorrendo a eles. Segundo o Censo 2010, no caso do Município do Rio de Janeiro, nos dez bairros mais pobres, 63% são negros (pretos os pardos) e há 6,4% de analfabetos. A renda média varia de R$317,00 a R$488,00. Já nos dez bairros mais ricos, só 13% são negros e a taxa de analfabetismo á de O,6% . A renda média varia de R$3.737,00 a R$6160,00. É a demonstração estatística de um país excludente para negros, evidentemente a maioria dos pobres.
Há 101 anos um destemido negro marinheiro, João Cândido Felisberto, comandou uma revolta na Marinha Brasileira contra o castigo das chibatas. Além do castigo corporal o enforcamento de praças era muito comum nos porões dos navios. Neste 20 de novembro, data da morte, em 1695, de Zumbi dos Palmares, diversas comemorações ocorrem em território nacional. Zumbi foi um dos ícones da resistência à escravidão do Brasil Colonial.
No entanto, até hoje, o negro, se for pobre e favelado, é sinônimo, para os ditos “brancos brasileiros” de nariz em pé -alguns de olhos claros pela descendência européia- de seres humanos de segunda categoria.
A cultura do “negro correndo é ladrão” e “branco é atleta” infelizmente ainda permanece enraizada entre nós. A discriminação racial e social ainda é muito forte no Brasil do século XXI. Favela continua sendo – salvem as UPPs no Rio- gueto e refúgio de negros e pardos. Ainda bem que as UPPs – antes tarde do que nunca – vieram para resgatar a cidadania de excluídos de morros e favelas do Rio. Já são quase 400 mil beneficiados pela tomada de territórios das mãos dos chefões do tráfico.
No Brasil, porém, ainda não nos libertamos do escravismo racial quanto mais do social. Há que se lembrar sempre que a raça branca brasileira pura inexiste. Somos quase todos miscigenados, pardos ou bronzeados, mas se o cabelo for liso alguns, hipocritamente, se excluem com ar de supremacia da afrodescendência e se vangloriam declarando-se brancos como se fossem seres humanos superiores pela cor da pele, pela lisura do cabelo ou pela cor dos olhos.
Vamos deixar de hipocrisia, o Brasil discrimina sim negros, pobres e homosssexuais. No Brasil ainda vincula-se a cor da pele e a sexualidade como parâmetros para os “ditos brancos” e heterossexuais se considerarem seres superiormente diferenciados. Dia da Consciência Negra não precisava existir se todos de fato fossem respeitados não pela cor, raça, credo, sexo, sexualidade, condição social ou cultural, mas como seres humanos, iguais em direitos e oportunidades
Os avanços ainda são muito pequenos no campo da igualdade racial e social. Registre-se que 90% dos mais de 400 mil reclusos que compõem a população carcerária no Brasil são pardos ou negros. Muitos ali se encontram por falta de oportunidade, ainda que não comungue da ideia de que exclusão social dê direito a cometer crimes.
Ainda falta muito para o Brasil para que negros, pardos, bronzeados, índios e homossexuais e até mesmo nordestinos do interior do Brasil não sejam apenas iguais pretensamente perante as leis mas sobretudo pela consciência do não preconceito. O mundo deve muito à raça negra, representada por ícones e ídolos em todos os ramos da atividade humana, sem falar na imensidão da contribuição cultural afrodescendente deixada no Brasil.
O Brasil é um país historicamente alicerçado, em sua formação social, nas culturas negra e indígena. Um legado cultural e social dos mais importantes.
Não houve o que comemorar, pois, neste 20 de novembro, apenas agradecer aos negros que lutaram no mundo contra a discriminação racial e pela igualdade de direitos. A eleição de Barak Obama como presidente da maior potência do mundo, os EUA, foi altamente significativa para expressar que cor de pele não significa competência e honradez. Ressalte-se ainda que o maior atleta do século XX, Edson Arantes do Nascimento. Pelé, pertence à raça negra, um exemplo de profissional do futebol que elevou o nome do Brasil nos quatro cantos do mundo.
O homem, portanto, em razão da diferente cor da pele ou sexualidade não pode ser objeto de tratamento degradante ou discriminatório. O texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos declara todos os seres humanos iguais em direitos, independente de raça que se originem. Não há seres humanos superiores, todos nós somos iguais. O grito de liberdade e da discriminação precisa ecoar todo dia nesse Brasil miscigenado a todo momento, não em datas específicas. Aqui, o racismo, a discriminação e a escravidão ainda não tiveram fim.
Milton Corrêa da Costa é Coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro, descendente de índio, negro e europeu