Por Pablo Mucelini.
Há alguns dias os jornais ocidentais acusaram a China de censurar o final do filme Clube da Luta, com Brad Pitt. No filme original uma organização criminosa explode a cidade, enquanto na versão chinesa os últimos minutos foram alterados para um final onde o plano de destruição da cidade é descoberto pela polícia e o protagonista vai para um hospital psiquiátrico.
Os jornais ocidentais chamaram de “censura ultrajante”, de “indignante” e de “surreal”. Detalhe, se quer sabem se o final foi alterado por exigência do governo (nenhuma evidência) ou se por decisão da empresa (privada) que comprou os direitos de reprodução do filme na China, a Tencent, prática muito comum no mercado de filmes, para fazer mais sucesso em outras culturas.
O mais curioso nesse caso foi que dois dias depois o autor do livro que deu origem ao filme, Chuck Palahniuk, disse o seguinte:
“Eles alinharam o final quase exatamente com o final do livro, ao contrário do final do filme, que foi o final visual mais espetacular. Então, de certa forma, os chineses trouxeram o filme um pouco de volta ao livro.”
E em seguida, perguntado sobre como se sentia quanto a “censura do autoritário governo chinês”, disse:
“O que acho realmente interessante é que meus livros são fortemente proibidos nos EUA. Muitas escolas públicas e a maioria das escolas particulares se recusam a ter meus livros. Mas é apenas um problema quando a China muda o final de um filme? Tenho aturado a proibição dos meus livros por um longo tempo.”
Nunca houve nenhuma matéria sobre a censura do governo estadunidense contra os livros de Chuck. Nenhum artista se posicionou indignado, e nenhum jornalista concluiu que os Estados Unidos são uma ditadura autoritária.
Exemplo explícito de como funciona a “liberdade” de imprensa no capitalismo. Liberdade para a alta burguesia mentir, e liberdade para os pobres serem tratados como gado. Se aproveitam de diferenças culturais (ou de meros interesses comerciais) para, manipulando as informações, fazer propaganda política contra a China e contra o socialismo, demonizando toda forma de sociedade em que os ricos não possam explorar os pobres.
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