Newton Ishii, o nome de batismo do “Japonês da Federal”, foi preso em junho último por crimes de corrupção e descaminho praticados em 2009 quando servia na fronteira do Brasil com o Paraguai – Foz do Iguaçu. Facilitava a entrada de muambas no país, segundo revela o processo. Sua prisão, depois que ganhou fama e virou máscara de carnaval, representou um mínimo de coerência em uma instituição (a Polícia Federal) que naquele momento era o braço armado da Operação Lava-Jato – e não poderia ter em seu quadro um criminoso já condenado posando de herói. Mas eis que a punição legal não durou dois meses. Ele, o “Japonês da Federal”, participou e posou para fotografias no ato da prisão do empresário Léo Pinheiro, da OAS, que voltou para a cadeia em Curitiba a mando do juiz Sérgio Moro.
Ishi foi apontado também como o principal vazadouro de informações confidenciais envolvendo a operação Lava-Jato. Cobraria de repórteres quantia não revelada para vazar notícias que paravam nas páginas das revistas semanais. Embora denunciado, não chegou a responder inquérito por isso. Sabe-se, porém, que, ao contrário do que colocou na cadeia – empresários e políticos), não foi para o cárcere. Ficava mantido em uma das salas confortáveis da PF do Paraná.
Curiosamente, sua aparição na página dos jornais, hoje (6 de setembro), ocorre em uma investigação onde os detidos respondem a casos semelhantes aquele que o levou a condenação: corrupção, desvio de recursos e propina.
Este episódio revela o grau de deboche das instituições neste período que circunda o golpe no Brasil. Não há limite para o escárnio.
Ishii não foi o único policial acusado e condenado naquela que ficou conhecida como Operação Sucuri – repressão a corrupção na fronteira. Embora tenha sido excluído da instituição, alguns anos depois, conseguiu voltar através de caminhos jamais esclarecidos. Quem o protegeu e preservou na função pública? Um mistério. Outros 23 agentes da polícia e Receita Federal também responderam. Onde estão? Não assustaria se descobríssemos em breve que ocupam, hoje, algum gabinete importante na PF.
Ishii responde ainda a três processos, derivados da Operação Sucuri, sendo um na esfera criminal, outro administrativo e um terceiro por improbidade administrativa. Enquanto a Justiça tarda, falha e ri da nossa cara, ele vai efetuando prisões e posando nos jornais.
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Fonte: Conexão Jornalismo.