A Argentina marchou contra os cortes no orçamento das universidades

Desde que Javier Milei assumiu o cargo, ele fez com que os professores perdessem mais de 52% de seus salários.

Por Darío Bursztyn, para Desacato.info.

Na Argentina, o ensino universitário, por lei, é gratuito e irrestrito em quase todas as 65 universidades públicas nacionais.

Os centros de pesquisa universitários, bem como as cátedras, não podem realizar suas atividades e há milhares de professores que já trabalham em regime pro-bono.

Nesse contexto, o Congresso aprovou uma lei que garante o financiamento constante do ensino superior, mas Milei anunciou que vetará a lei porque ela altera sua política de “déficit zero”… sempre sob o slogan “não há dinheiro”.

As mobilizações foram massivas em todas as cidades do país, com mais de meio milhão de pessoas nas ruas centrais de Buenos Aires, e marchas de tamanho incrível em cidades como Córdoba, Rosário e Comodoro Rivadavia, entre outras.

Segundo o documento assinado por sindicatos de professores e trabalhadores administrativos (não docentes) de todo o país, juntamente com a Federação Universitária Argentina – que agrupa os centros estudantis – sem um orçamento, a continuidade das universidades para este ano e o início das aulas em 2025 estão em risco.

A Universidade de Buenos Aires, a maior do país, tem mais de 300.000 alunos e já produziu vários ganhadores do Prêmio Nobel.

É preciso entender que, devido ao baixo nível de mobilização e confronto com as políticas de extrema-direita de Milei que a CGT (Confederação Geral do Trabalho) vem apresentando, com uma maioria de sindicatos com lideranças burocratas, pela primeira vez em 40 anos o principal motor das lutas transversais e multitudinárias gira em torno das universidades.

As pessoas, especialmente nos últimos 20 anos e na era das TICs, entendem que sem o ensino superior não é possível se integrar à vida em geral, muito menos à vida profissional. Portanto, a defesa das universidades públicas, gratuitas e de qualidade, é o único veículo para uma Argentina do futuro.

Desta vez, neste ano, foram os jovens e os sindicatos de professores, precários e com salários que não chegam nem a 50% do salário de um funcionário de supermercado, que levaram a CGT a se mobilizar para impedir o ajuste.

A força do chamado foi dada por todos os reitores de todas as universidades, que marcharam na frente de cada uma das colunas, dizendo “Não ao ajuste, sim à universidade pública”. E o número de políticos da oposição – incluindo antigos aliados de Macri e Milei – permitiu ver uma mudança…

O governo de Milei e seu ministro da Fazenda, Luis Caputo – ex-funcionário de um banco internacional – chegaram a acusar as universidades de “inventar” estudantes. O descrédito foi exposto. O futuro, apenas 10 meses após a posse como presidente, parece estar começando a parecer opaco para o anarco-capitalista.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.