Florianópolis, 21 de novembro de 2014.
Entre os corpos de desaparecidos e os reaparecimentos lutuosos está a Luta de Classes como testemunha impávida. Sabe que o conflito entre os que concentram a riqueza e os pobres, os majoritários, não tem nenhuma possibilidade de conciliação.
O Capitalismo se expressa de forma violenta, cotidiana, sem fronteiras precisas. As margens temporais entre os desaparecidos das velhas ditaduras latino-americanas e os estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, ou entre os Davi da Bahia e a negação esquizofrênica sionista do Povo Palestino, desaparecido entre muros, desconstroem zonas de tempo e limites de espaço.
A desaparição forçada tornou-se, no século XX com as ditaduras, e no atual com as frágeis democracias a forma mais monstruosa que o sistema tem de ativar o ‘controle’. Uma pessoa desaparece por diversas razões: intolerância qualquer, exercício da oposição ao fascismo, testemunho, prova viva, pertencer à massa não apta para consumo, raiva, ódio, xenofobia, homofobia, fanatismo, etc. Porém, o que se esconde atrás das razões é a mais doente das estruturas, o poder destrutivo do Capitalismo e seus índices crescentes e variáveis de exploração. O Capitalismo não se submete a leis, a progressos civilizatórios; o Capitalismo é a anticivilização. O Capitalismo é a materialização da barbárie.
O Poder Político, mesmo quando sério nas suas intenções, fica subjugado pelo espetáculo midiático e pelo minuto de fama. Opina, declama, declara, mas, não atua, nem sequer quando, como já aconteceu no caso Pinheirinho, SP, em 2012, a ordem institucional foi subvertida e um Estado pôde mais que toda a Federação. A desaparição forçada para despejar territórios, esconder crimes, ou simplesmente por banalidade, continua sua caminhada fatal.
Possivelmente, se desaparecesse o Capitalismo como sistema darwinista de sobrevivência, diminuiriam as desaparições com cumplicidade do Estado e do paramilitarismo. Valeria a pena tentar, e fazê-lo desaparecer.