Crianças portuguesas são proibidas de falar língua materna em escolas de Luxemburgo

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Algumas creches e escolas de Luxemburgo proibiram crianças portuguesas de falarem a língua materna. A proibição vigora em vários estabelecimentos de ensino público do país, e não só os educadores e auxiliares portugueses estão proibidos de falar com as crianças na sua língua, como os próprios menores não podem se comunicar uns com os outros em português.

“Foi-nos dito que não podíamos falar português com os miúdos e que eles também não podiam falar português entre eles, é uma regra da casa”, comenta uma funcionária portuguesa de um estabelecimento público em Esch-sur-Alzette, citada pela agência Lusa. Neste ATL (ateliê de tempo livre), onde as crianças passam entre “quatro a seis horas por dia”, fora do horário escolar, os menores só podem se comunicar em francês, luxemburguês e alemão, as três línguas oficiais do país.

Quem violar esta regra está sujeito a um castigo, que pode passar pela aplicação de trabalhos de casa suplementares, pela separação das crianças que se comuniquem em português ou até mesmo pelo isolamento dos menores. Em algumas ocasiões, as crianças são submetidas a uma “imobilização forçada”, sendo obrigadas a ficar quietas durante cinco minutos.

Segundo relatou um pai à Lusa, a interdição é aplicada até mesmo em visitas de estudo, fora do estabelecimento de ensino, e os próprios encarregados de educação não podem falar com as funcionárias portuguesas da escola na sua língua materna.

O presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), José Coimbra de Matos, defendeu que “proibir genericamente o português nas aulas é uma forma de castração”, sublinhando que “se as crianças partirem do princípio que a língua delas é proibida no sistema escolar, vão sentir-se inferiorizadas em relação aos outros”. “O Governo luxemburguês diz que tem de se apostar no multilinguismo, e depois surge uma medida destas”, lamentou o dirigente associativo, acusando o executivo luxemburguês de incoerência.

A Fenprof (Federação Nacional dos Professores) de Portugal exigiu ontem (10/11) do Governo do Luxemburgo que elimine os “obstáculos” que estão a ser colocados às crianças de outras nacionalidades para falarem a sua língua materna no dia a dia. Em comunicado, a entidade considerou que “estas atitudes são castradoras de um desenvolvimento harmonioso e equilibrado dos filhos dos imigrantes portugueses, dado que não permite que as crianças se exprimam, mesmo em atividades lúdicas ou durante as pausas entre atividades, na língua que lhes é comunicada pelos seus progenitores e que faz parte do seu patrimônio sociolinguístico e cultural”.

Dados divulgados pelo Ministério da Educação do Luxemburgo demonstram que o português é a segunda língua materna mais falada nas escolas do país, com 28,9% de falantes, seguindo o luxemburguês, com 39,8%. O francês conta com apenas 11,9% de falantes e o alemão 2%.

Em 2012/2013, os alunos portugueses representavam mais de 20% dos estudantes em todos os níveis de ensino no país. No ensino secundário técnico, a presença de alunos portugueses era de 28%.

O Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas denunciou que existem casos de proibições semelhantes na Alemanha e na Suíça.

Foto: Reprodução/Opera Mundi

Fonte: Opera Mundi

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