Hoje é a abertura da 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos do Hemisfério Sul. O filme que abrirá a 9ª Mostra será na capital do Distrito Federal hoje às 18h com o filme “Que Bom te Ver Viva” e a entrada é franca.
Por Ana Coan.
Este ano os filmes estão subdivididos em três categorias: Mostra Competitiva, Memória e Verdade e Homenagem Lúcia Murat.
Mostra Competitiva
Segundo Cesar Migliorin, curador de mostras competitivas, esta é a primeira vez que a Mostra abre a seleção competitiva para filmes do Hemisfério Sul. Nas edições anteriores a Mostra era exclusivamente da América do sul. Cesar diz que “Nosso entendimento do hemisfério sul privilegia um corte mais político do que uma simples divisão feita pela Linha do Equador. Com isso, trazemos filmes do Egito, da Índia, da Jordânia e de diversos países latino-americanos. A diversidade e a qualidade dos filmes este ano é especialmente impactante. Nesta mostra competitiva filmes fortemente políticos, no documentário e na ficção, nos mostram a diversidade de formas que o cinema inventa para trabalhar temas difíceis, violentos e polêmicos.”
“Um mapa que vai do Egito ao Rio Grande do Sul, instigado pelas mesmas inquietações que nos levam a fazer essa Mostra; nosso desejo de que os direitos de homens e mulheres sejam para todos e qualquer um.”
A Categoria: Mostra Competitiva é composta por 24 filmes, alguns já consagrados em festivais e outros inéditos no Brasil:
–6 Cups of Chai, de Laila Khan, da Índia;
–As Crianças de Chocó, de Rolando Vargas, da Colômbia;
–Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, do Brasil;
–Growing, de Tariq Rimawi, da Jordânia;
–Galus Galus, de Clarissa Duque, da Venezuela;
–Sanã, de Marcos Pimentel, do Brasil;
–Sophia, de Kennel Rógis, do Brasil;
–Meu Amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, do Brasil;
–Requília, de Renata Diniz, Brasil
–Rio Cigano, de Júlia Zakia, do Brasil;
–A Vizinhança do Tigre, de Affonso Uchoa, do Brasil;
–La Jaula de Oro, de Diego Quemada-Diez, do México;
–Yvy Maraey, Las Tierras Sin Mal, Juan Carlos Valdívia, da Bolívia;
–Jessy, de Paula Lice, Rodrigo Luna, do Brasil;
–Ronei Jorge e Tejo Mar, de Benard Lessa, do Brasil;
–Praia do Futuro, Karim Aïnouz, do Brasil;
–Tomou Café e Esperou, de Emiliano Cunha, do Brasil;
–A Morte de Jaime Roldós, de Lisandra I. Rivera e Manolo Sarmiento, uma co-produção do Equador e da Argentina;
–Cesó la Horrible Noche, de Ricardo Restrepo, da Colômbia;
–Mohamed Mahmoud… Herald dos Revolucionários, de Ines Marzouk, do Egito;
–Ameaçados, de Júlia Mariano, do Brasil;
–Mataram meu Irmão, de Cristiano Burlan, do Brasil;
–O Mercado de Notícias, de Jorge Furtado; Brasil
–Polinter, de Dafne Capella e Quilombo da Família Silva, de Sérgio Valentim. do Brasil.
Memória e Verdade
Aos 50 anos passados após o golpe de 1964 as sessões de cinco filmes exibidos nessa categoria da Mostra procuram refletir sobre esse tema. Rafael de Luna Freire, Curador da Mostra “Memória e verdade” diz que os filmes “abordam de diferentes maneiras, sob distintas molduras genéricas, fatos e narrativas relacionadas com esses acontecimentos políticos que marcaram a segunda metade do século XX em nosso país.”
Rafael ressalta que “os filmes, realizados em contextos diversos, trabalham a memória, nunca estanque e inerte, do que significou aquele evento crucial, algo especialmente importante nos dias presentes. Afinal, quando uma Comissão da Verdade constituída pelo Governo Federal está em atuação e quando grandes veículos de comunicação são confrontados com suas próprias posturas e opiniões em épocas anteriores, o passado, mais do que nunca, vira motivo de conflito sobre seus sentidos.”
É “através das sessões de filmes e dos artigos reunidos nesse catálogo, a 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul pretende evidenciar como o cinema foi, é e certamente continuará sendo uma peça fundamental na construção e reconstrução da História de nosso país” finaliza Rafael.
Cinco Produções serão exibidas:
– Setenta, de Emilia Silveira, do Brasil;
– O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda. de Jorge Furtado e José Pedro Goulart, do Brasil;
– Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski, do Brasil;
– Cabra Marcado Pra Morrer, de Eduardo Coutinho, do Brasil;
– Ação entre Amigos, de Beto Brant, do Brasil;
Rafael de Luna Freire, também curador dessa mostra, diz que “a carioca Lúcia Murat é uma das poucas cineastas brasileiras que estiveram profundamente envolvidas com os movimentos políticos de resistência ao golpe. Presa em 1971, levou suas experiências com a tortura e o encarceramento para as telas na carreira que viria a desenvolver após o fim da ditadura.
Depois de dirigir curtas-metragens, documentários e programas de televisão, Lúcia estreou no cinema com Quem bom te ver viva (1989), dando início a uma da mais sólidas trajetórias de uma diretora cinematográfica no Brasil. Mais do que uma mera coincidência, sua estreia no longa-metragem coincidiu com as primeiras eleições diretas para presidente no Brasil em mais de três décadas.
Após essa premiada estreia, Lúcia seguiu produzindo e dirigindo ininterruptamente – atravessando, inclusive, a crise do governo Collor –, chegando a 2014 com um filmografia notável. Mesmo marcada pela diversidade de estilos e gêneros, transitando da ficção ao documentário – e por complexos hibridismos –, sua produção se destaca por alguns temas recorrentes. Na ficção, seus personagens têm suas trajetórias definitivamente marcadas por suas opções políticas, nunca gratuitas ou inconsequentes. Os personagens femininos constituem-se em presenças fundamentais nos filmes dessa diretora, que discutem o papel das mulheres na sociedade como protagonistas, e não coadjuvantes. Nessa obra engajada e humanista, o Brasil é uma marca constante na carreira de Lúcia Murat. Visto pela ótica estrangeira, dissecado em sua História remota ou contemporânea, nosso país vem ganhando um retrato complexo, amoroso e doloroso nos filmes de uma cineasta que é mais do que merecedora desta homenagem.”
A Mostra que homenageia a cineasta, ainda em atividade, conta com a apresentação de quatro longas-metragens de sua autoria:
– Que bom te Ver Viva – 1989
– Doces Poderes – 1996
– Brava gente brasileira – 2000
– Uma longa viagem – 2011
9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos do Hemisfério Sul em Florianópolis
A abertura da mostra em Florianópolis será no dia 07/11 as 19:30 também com o filme “Que Bom Te Ver Viva”
Endereço: R. Victor Meirelles, S/N, Centro, Florianópolis, SC, 88010-440
Local:Vanguarda Cia de Teatro
Produtor local: Luiza Linz
Telefone: (48) 36642651
Para conferir a Programação Completa em Florianópolis e detalhes de cada Filme clique aqui!
Os depoimentos completos dos curadores da 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos do Hemisfério Sul e outras informações podem ser vistos no site da mostra.