Apesar de ser um tema delicado, é preciso trazer à luz a existência desse tipo de eleitor(a), que não é antipetista, aprova o governo federal mas tem resistências à personalidade da Dilma.
Por Nicolas Chernavsky, de Cultura.info.
16/10/2014 – Outro dia eu estava conversando com um conhecido e puxei o assunto das eleições presidenciais, até porque faltam só 10 dias para as eleições e creio que é muito importante o debate. Perguntei em quem ele ia votar, e ele me disse que toda a sua família ia votar na Dilma, mas que ele ia votar no Aécio. Fiquei curioso sobre o porquê, e perguntei se ele não achava que a pobreza tinha caído muito mais rapidamente nos governos Lula e Dilma do que no governo FHC, se ele sabia que o Brasil tinha finalmente saído do mapa da fome, que o Aécio tinha sido presidente da Câmara de Deputados na coalizão do governo FHC, que 43 milhões de pessoas tinham subido da pobreza para a classe média e 36 milhões tinham saído da miséria nos governos Lula e Dilma, enfim, comentei o que pra mim são argumentos importantes pra se votar na Dilma e não no Aécio. Aí ele me disse que de fato o governo estava bom, que ele não tinha nenhuma rejeição pelo PT, que inclusive sempre tinha votado no PT, e que se o fosse o Lula votaria nele. Aí eu comecei a desconfiar de um motivo para ele não votar na Dilma. Perguntei: “Você não gosta da Dilma, né?”. E aí ele admitiu que era isso mesmo, ele tinha uma certa antipatia pela pessoa da Dilma.
Fiquei pensando, depois, como a decisão sobre qual coalizão vai assumir a presidência, com centenas de milhares de postos em ministérios, agências reguladoras, empresas estatais, etc., poderia ser afetada pela empatia pessoal que a candidata, no caso Dilma, tem com parte do eleitorado.
Eu pessoalmente escolho a candidatura pelo grau de progressismo que ela tem, ou seja, como ela se coloca no espectro político progressismo-conservadorismo. A eventual empatia que eu tenha com o candidato ou candidata tem até sua pequena influência, mas o fato é que pra muita gente tem uma enorme influência. Talvez isso tenha a ver com o fato de que existe uma forma de votar na qual a pessoa não necessariamente quer avaliar programas, projetos, propostas, histórico de realizações, gráficos, indicadores, e coisas assim, mas sim votar em uma pessoa que ela possa confiar e deixar o poder do Estado a cargo dela. Pode-se argumentar que é uma forma um pouco superficial de se votar, mas acho que é relativamente ampla a proporção de pessoas que votam bastante segundo esse parâmetro. Nesse aspecto, uma parte do eleitorado que avalia bem o governo federal pode acabar votando em Aécio, bem falante e sedutor.
E qual é então o objetivo deste artigo, ao trazer à luz este fato? Creio que é ajudar a que quem realmente tem uma certa antipatia pela pessoa da Dilma possa dar a esse aspecto o peso proporcional à influência que isso teria na atuação do Estado, se levarmos em conta que se Aécio vencer teremos um governo conservador, como todas as extensas consequências que isso teria para o povo brasileiro e latino-americano. Não quero deixar a impressão aqui de que eu mesmo não tenho simpatia por Dilma. Gosto da Dilma como pessoa sim, e sabem por quê? Porque é uma pessoa que foca nos resultados para o povo, foca na influência que aquilo que ela faz vai ter para o povo. Isso é algo difícil de conseguir, pois muitas vezes os políticos acabam tomando decisões que fazem sentido no seu ambiente político, mas que não são a melhor decisão para o povo. E eu gosto dessa objetividade da Dilma, que consegue inclusive não transparecer ódio por seus adversários políticos, o que talvez seja sua qualidade pessoal mais admirável, pois vamos ser claros, Aécio parece ter muito mais ódio por Dilma do que Dilma por Aécio. Quem vê os debates percebe isso claramente.
Fonte: Cultura.info.