Uruguai começa a receber refugiados sírios.

Mas suspende abrigo a presos de Guantánamo. Temas internacionais acirram debate a duas semanas das eleições presidenciais; ex-presidente Tabaré Vázquez é favorito na disputa.

Um grupo integrado por 42 refugiados sírios que recebeu asilo humanitário chegou nesta quinta-feira (09/10) ao Uruguai. No total, 120 pessoas deverão desembarcar no país até fevereiro, onde terão acompanhamento profissional, emprego e moradia. Diferentemente dessa iniciativa, bem avaliada pelos uruguaios, a possibilidade de o país também receber presos de Guantánamo gerou controvérsia. Ontem, o presidente José “Pepe” Mujica adiou essa decisão, sob a justificativa de discutir o tema em conjunto com o seu sucessor, que será escolhido nas eleições de 26 de outubro, ou no segundo turno, em 30 de novembro.

Refugiados sírios na Turquia
Refugiados sírios na Turquia que fogem do Estado Islâmico

A discussão a respeito do recebimento dos presos de Guantánamo, para atender a um pedido do presidente norte-americano, Barack Obama, se tornou, nos últimos dias, o principal assunto da disputa eleitoral uruguaia, onde não há a possibilidade de reeleição. “Teremos que ver a posição do novo governo. Um presidente é um presidente, não é um rei, não faz o que lhe dá na telha”, disse Mujica nesta quarta ao justificar a decisão.
No início de setembro, o mandatário já havia sinalizado o adiamento da medida devido aos riscos políticos que ela poderia trazer para o candidato da coalizão governista Frente Ampla, o ex-presidente Tabaré Vázquez, favorito nas pesquisas. A consulta realizada pela empresa Cifra, na semana passada, revelou que 58% dos cidadãos do país são contrários ao recebimento dos prisioneiros, mesmo daqueles considerados de baixo perfil de risco.
A disputa eleitoral no país não deve ser decidida no primeiro turno, já que nenhum dos candidatos tem mais de 50% das intenções de voto. O principal opositor da Frente Ampla, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, defende que os presos não devem ser levados ao país e que o assunto deve ser debatido no Parlamento.

EUA pediram a Mujica  que Uruguai recebesse presos de Guantánamo
EUA pediram a Mujica que Uruguai recebesse presos de Guantánamo

Ao contrário do caso de Guantánamo, no entanto, a ajuda aos sírios que fogem da guerra civil é uma pauta positiva para o governo Mujica. Uma pesquisa realizada também pela empresa Cifra revelou que 69% dos uruguaios estão de acordo com a chegada dos refugiados ao país.

Como condição à recepção das famílias, o Uruguai pediu ao Acnur (Alto Comissionado das Nações Unidas para os Refugiados) que 60% dos refugiados fossem menores de idade e que cada família tivesse uma pessoa mais velha em condições de trabalhar. Eles serão acompanhados por tradutores, um assistente social e um psicólogo que os auxiliarão no processo de integração à nova sociedade.

O secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Javier Miranda, afirmou na última terça-feira (07/10) que todas as famílias já têm trabalho garantido, mas ainda falta encontrar casas para elas. A iniciativa do governo uruguaio, pioneira na região, custará aproximadamente US$ 3 milhões. Trata-se de um plano de ressanetamento, não de imigração, o que significa que “as famílias poderão retornar quando quiserem para a Síria”, explicou Miranda.

À CNN, integrantes de uma das famílias disseram que, apesar do nervoso pela mudança, se sentem “afortunados” por ter a oportunidade de começar uma nova vida e deixar a guerra para trás.

Fotos: Efe

Fonte: Opera Mundi

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