No domingo, o progressismo vai vencer o antipetismo

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Por Nicolas Chernavsky, Culturapolitica.info.

As campanhas de Aécio e Marina se agarram ao antipetismo, mas este vem sendo superado ao longo das décadas pela população brasileira, que viu a realidade desmentir uma série de preconceitos em relação ao PT

29/09/2014 – Nessa eleição presidencial, há três candidaturas com chance minimamente real de vitória: Dilma, Aécio e Marina. Além destas, somente a de Luciana Genro parece poder ter um número considerável de votos, mas sem ter condições de chegar ao segundo turno. Essa configuração eleitoral ocorre por uma série de razões, mas a estrutura básica é que no espectro mais progressista do eleitorado, os extraordinários avanços dos 12 anos de governos liderados pelo PT em relação à redução da fome, da miséria e da pobreza ocupam um espaço tão grande que, por um lado, diminuem o espaço para o discurso de Luciana Genro de igualar Dilma, Aécio e Marina, e diminuem o espaço para o antipetismo, que apesar de estar sendo gradualmente superado pelo eleitorado brasileiro, ainda baseia o voto dos setores mais conservadores do eleitorado.

Assim, vemos que por trás da disputa manifesta (aquela entre os candidatos), existe uma disputa latente, que talvez seja até mais influente, que é a correlação de forças entre o petismo (forte tendência a votar no PT), os setores neutros (tendência neutra em relação ao PT) e o antipetismo (forte tendência a não votar no PT). Em geral, e nessas eleições em particular, somente um desses setores não é suficiente para chegar a mais de 50% dos votos válidos, nem no primeiro nem no segundo turno. Como a coalizão liderada pelo PT, com a candidatura Dilma, tem além do voto petista uma quantidade considerável do voto dos setores neutros, resta a Marina e Aécio uma disputa para concentrar o voto antipetista para poder chegar ao segundo turno.

O fato dessa análise se centrar na relação do eleitorado com o PT exige uma explicação, no sentido de justificar a relevância do PT na política brasileira. O PT, na minha visão, possui duas características básicas, das quais derivam as outras, que o colocam como o partido mais progressista do Brasil. Uma delas é o fato de que o PT é o único partido do país que tem eleições diretas para que os filiados escolham os candidatos a presidente, governador e prefeito, além do presidente nacional, estadual e municipal do partido e os diretórios nos três níveis. Isso coloca o PT à frente, em âmbito brasileiro, na questão da evolução mundial dos partidos políticos democráticos. O próximo passo nesse sentido seria a realização de prévias abertas a toda a população, mas isso fica para as próximas décadas. A outra característica básica do PT é a liderança de Lula, pessoa que devido a extraordinárias características humanas e políticas consegue aglutinar e liderar grande parte dos setores mais progressistas do espectro político do país. Hoje em dia, sem Lula, o PT com certeza perderia parte considerável de sua identidade.

Existe um outro fator que caracteriza estruturalmente os partidos políticos que é sua forma financiamento (e de suas campanhas). Tudo indica que esta é a próxima fronteira para o progressismo no Brasil, ou seja, que partidos vão conseguir, sem usar a força do Estado (através de lei), financiar seu funcionamento e suas campanhas através da contribuição desconcentrada de uma enorme quantidade de pessoas. Hoje em dia, o PT apoia que o Estado financie as campanhas, mas penso que isso teria o inconveniente de aumentar a influência que os ocupantes dos cargos estatais (sejam eles quem forem) têm na escolha dos próximo ocupantes destes cargos, e é básico para a democracia justamente reduzir o máximo possível essa “circularidade” no Estado, ou seja, quem está no Estado tem que influir o menos possível na escolha dos novos representantes.

Enfim, o fato é que sempre quero que todos os partidos modifiquem suas estruturas para serem o mais progressistas possíveis, mas o PT é o que até o momento avançou mais nesse sentido, especialmente pela eleição interna direta que mencionei. Ao longo, da história, e não só no Brasil, o progresso desperta reações, pois o enfrentamento dos problemas reais da humanidade (e por que não, da vida em geral, de humanos e não-humanos) consiste não só na capacidade de modificar a realidade para satisfazer os desejos, mas também na capacidade de superar traumas de uma história ancestral, que geram mal-entendidos, que geram preconceitos. O antipetismo é um desses preconceitos, mas acredito que neste domingo, o progressismo vai vencer.

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