Florianópolis, 8 de setembro de 2014.
As democracias progressistas na Nossa América aceleraram um processo de desgaste no início da década. A distorção no imaginário social, especialmente nas camadas jovens, de que estes governos representariam um processo revolucionário se frustrou. Alguns desses governos são mais progressistas do que outros. Não é o caso do brasileiro. Porém, não se pode afirmar que seja um governo de direita. Trata-se de uma administração capitalista, conduzida por um partido que nunca se propôs ser revolucionário e que, assumindo uma conjuntura herdada dos governos reacionários e ultraliberais (ditaduras até Fernando H. Cardoso) tenta reciclar o estado de bem-estar social.
É um governo desenvolvimentista afincado em conceitos de governabilidade, de alta dinâmica negociadora com os extremos da balança. Logicamente, nesse sentido sempre perdem os pobres, mas, perderam menos que nos governos anteriores, e obtiveram algumas vitórias.
A morte do Comandante Chávez não só causou prejuízo à Venezuela como ao resto dos países próximos à sua liderança e sobrecarregou, no imaginário popular, Evo, Cristina e Correa. Em tal cenário, uma possível derrota da presidenta Dilma não contribuirá com mais avanços, embora mínimos, do progressismo regional.
Seu governo agiu com violência e falta de discernimento histórico frente às mobilizações do inverno passado. Jovens, que não pertencem a partidos políticos nem acumularam formação ideológica nem viveram de perto as ditaduras, reivindicaram promessas que o governo petista instalou no seu imaginário. Foram reprimidos brutalmente.
Erros da teoria da governabilidade e o acaso aéreo colocaram a reeleição de Dilma em risco. Há irresponsabilidade histórica com os parceiros da região que tentam superar o desgaste amplificado pelos monopólios da comunicação. Se Dilma cair e a direita avançar, a linha de risco do progressismo regional engrossará demais. É uma região onde o imaginário e a emoção determinam resultados.