Mais imigrantes tentam chegar à Europa por via terrestre ou marítima em 2014 do que no auge da Primavera Árabe, de acordo com a Frontex, agência que monitora as fronteiras externas da União Europeia. Impulsionado por um aumento de fluxo de líbios e sírios, o número de tentativas de cruzamento para se chegar ao continente europeu nos oito meses deste ano já é quase equivalente ao total de investidas durante 2011 inteiro.
Segundo o ACNUR, agência para refugiados da ONU, os sírios são a principal nacionalidade em trânsito, representando quase um quarto do total de imigrantes. Desde 2011, mais de 123 mil sírios pediram asilo à Europa.
Este ano também apresenta um recorde de óbitos registrados na trajetória feita pelo mar. Em julho, o ACNUR afirmou que mais de 800 pessoas morreram no Mediterrâneo, incluindo mais de 260 em um período de apenas 10 dias. Por outro lado, em 2013 foram registradas 600 mortes.
Veja depoimento exclusivo do congolês Alain Diabaza a Opera Mundi:
Há casos em que a fronteira é fortalecida pela presença de mais policiais, o que torna o caminho mais impopular por um momento, como foi o caso da Grécia, em 2012, quando as autoridades colocaram 2 mil fiscais nos limites do território.
Detenção como política de coerção
Em maio, Ioanna Kotsioni, especialista grega em assuntos de imigração da Médicos Sem Fronteiras, afirmou em entrevista exclusiva a Opera Mundi que o governo da Grécia tem usado detenções sistemáticas de imigrantes e refugiados por tempo indefinido como ferramenta de coerção social.
Segundo a especialista, trata-se de um esforço para dissuadir os imigrantes, a fim de evitar com que eles venham ao país. Uma das ações é prendê–los indefinidamente até consentirem em retornar. Contudo, há casos em que as pessoas simplesmente não poderiam voltar para casa – como em situações de conflitos armados e guerras civis, por exemplo – já que suas vidas correm perigo.
“Embora seja um fenômeno global, a detenção não pode ser uma medida automática para ser aplicada indiscriminadamente pelas autoridades, mas deve ser encarado como um último recurso. Afinal, é preciso ter um argumento consistente para justificar a necessidade de deter uma pessoa”, afirma Ioanna. “O problema é que o governo enxerga a imigração como um fato, sem considerar os impactos humanitários que isso acarreta”, completa.
Foto: Reprodução/Opera Mundi
Fonte: Opera Mundi