Juliana Farias, pesquisadora da Justiça Global, falou nesta segunda-feira para a Rádio CBN sobre os autos de resistência e o caso do morro do Banco. O caso ganhou repercussão durante o fim de semana após a divulgação de um vídeo que mostra o jovem Alysson Lima sendo executado por policiais, mesmo após ter levantado as mãos em sinal de rendição. Os policiais registraram o caso na 16a DP como auto de resistência, conferindo novamente evidência à pratica de acobertamento das violações policiais pelo uso deste tipo de registro.
“É importante lembrar que esta denominação foi criada durante a ditadura civil-militar, e é um termo que, assim como naquela época, vem sendo utilizado para encobrir ações da policia que deveriam ser registradas como homicídio”, ressaltou Juliana. A pesquisadora também comentou a prática reiterada de arquivamento de inquéritos policiais envolvendo autos de resistência, e o grave aumento deste tipo de registro verificado no último mês de junho:
“Houve um aumento de 69% quando comparado a junho de 2013, segundo os próprios dados oficiais. A situação se torna ainda mais preocupante se observarmos também as denúncias que chegam à Justiça Global, como por exemplo 5 registros de auto de resistência numa mesma semana na favela de Acari, onde houve operações do Bope e do Choque”.
Juliana também destacou a importância da mobilização de movimentos de favelas e organizações de direitos humanos ao se posicionarem contrários à utilização dos registros de “auto de resistência” e “resistência seguida de morte”, que culminou na aprovação da resolução 08/2012 do antigo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH). A mobilização continua para que sejam adotadas medidas mais efetivas de controle da atividade policial, que vitima sobretudo a população negra das favelas e periferias urbanas. Juliana reforçou o chamado para o engajamento de todos nesta pauta.
A próxima atividade prevista é a Marcha Nacional contra o Genocídio do Povo Negro, que ocorrerá no próximo dia 22 de Agosto.
Fonte: Justiça Global