Para os povos anteriores aos incas no Peru e na Bolívia, Pachamama ou Mamapacha é a Terra, adorada em suas várias formas: os campos arados, as montanhas como seios, os rios caudalosos como seu leite.
Para assegurar uma boa colheita, espalha-se farinha de trigo na plantação e celebram-se rituais em sua homenagem. Ela habita as profundezas da montanha, quando as pessoas deixam de respeitá-la, esta deusa-dragão manda terremotos para lembrar os homens de sua presença.
Pachamama é uma deusa que produz, que engendra. Sua morada está no Carro Branco (Nevado de Cachi), e se conta que no cume há um lago que rodeia uma ilha. Esta ilha é habitada por um touro de chifres dourados que ao mugir emite pela boca nuvens de tormenta.
O mito de Pachamama referia-se primitivamente ao tempo, talvez vinculada de alguma forma com a terra: o tempo que cura as dores, o tempo que distribui as estações, fecunda a terra. Pacha significa tempo em linguagem kolla, porém com o transcurso dos anos, as alterações da língua, e o predomínio de outras raças, terminaram confundindo-se com a terra.
Dia 1º de agosto é o dia de Pachamama. Nesse dia se enterra em um lugar próximo da casa uma panela de barro com comida cozida. Também se põem coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha para alimentar Pachamama. Nesse mesmo dia devem-se pôr cordões de fio branco e preto, confeccionados com lã de lhama enrolando-se à esquerda. Estes cordões se atam nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço, para evitar o castigo de Pachamama.
Do Livro / “O Oráculo da deusa” – Amy Sophia Marashinsky