Vitória apertada da oposição, mas um resultado que atiça o segundo turno, a realizar-se em três semanas. Como já era esperado pelos analistas, o grande embate que está por trás do voto é a relação de cada candidato com o processo de paz que está em curso.
158 milhões de colombianos aptos para votar, 60% decidiram se abster, e foi assim que a Colômbia viveu hoje mais uma eleição presidencial. Os resultados não surpreenderam. O candidato apoiado por Alvaro Uribe, Oscar Iván Zuluaga, levou a maior porcentagem dos votos, 29.23% , enquanto que o atual presidente, Juan Manoel Santos, ficou com 25.58%. Vitória apertada da oposição, mas um resultado que atiça o segundo turno, a realizar-se em três semanas. Como já era esperado pelos analistas, o grande embate que está por trás do voto é a relação de cada candidato com o processo de paz que está em curso. Enquanto o candidato de Uribe – considerado uma espécie de marionete do ex-presidente – prega uma solução armada, Santo insiste no diálogo. As urnas falaram, mostraram uma sociedade dividida e o poder ainda grande do ex-presidente Uribe. Mas, ainda assim, os que não foram às urnas também falaram alto e são a maioria. Ainda há muito medo na Colômbia e muita descrença no sistema político oficial.
Agora, no campo da política tradicional devem se armar as alianças. De todos os cinco candidatos que disputaram as eleições apenas Zuluaga defendia a manutenção da luta armada contra os movimentos de libertação. Assim, Santos deverá buscar o apoio dos que ficaram de fora da disputa. Tanto o da candidata do partido conservador, Marta Ramírez, que ficou em terceiro lugar, com 15,55% dos votos, quanto com Clara López, pela esquerda, que levou 15,24%. São 30% fundamentais para pender a balança. O tempo para os acordos é curto e há um clima de “revanche” no ar. Tudo isso porque o atual presidente Santos, que já foi aliado de Uribe, é considerado um “traidor” pelo partidários de Uribe, acusado inclusive de estar se aliando ao regime cubano/venezuelano. Óbvio que tudo isso não passa de agitação provocada pelo próprio Uribe, uma vez que Santos não está, nem de longe, dentro dos princípios do bolivarianismo ou do socialismo.
O fato é que se o candidato uribista levar a faixa no segundo turno, o processo de diálogo que está em cruso, mediado por Havana, tende a se acabar e o terrorismo de estado, tão bem usado por Uribe durante seu mandato, haverá de se aprofundar. A terceira força, nesse caso, não é eleitoral. Trata-se da Marcha pela Paz, um movimento civil que vem ganhando bastante espaço no país na luta pela paz. Mas, ainda assim, com o jeito Uribe de governar nada garante que os militantes da Marcha não venham a ser perseguidos, mortos ou desaparecidos. Afinal, essa foi uma prática sistemática no governo de Uribe.
De qualquer sorte, essa maioria silenciosa, não é uma massa amorfa. A vida pulsa na Colômbia, para além das urnas.
Fonte: IELA