Segundo o escritor cubano Abel Prieto Jiménez, as pessoas se conformam com cápsulas de informação e não se aprofundam em nada.
Por Rodrigo Martins.
Ser culto é a única forma de ser livre, vaticinou o poeta e filósofo José Martí, herói da Independência de Cuba. O Apóstolo, como era chamado, não pôde, porém, ver o sonho realizado. Morreu em confronto com as tropas espanholas em 1895, quando a esmagadora maioria da população da ilha caribenha ainda permanecia presa ao analfabetismo. Hoje, passados mais de 50 anos da revolução socialista liderada por Fidel Castro, Cuba orgulha-se de ter um dos melhores indicadores de alfabetização e escolaridade do mundo, líder absoluta na América Latina.
Mas nem tudo são flores, alerta o escritor Abel Prieto Jiménez, ministro da Cultura de Cuba de 1997 a 2012. A queda do número de leitores de livros, verificada em quase todos os cantos do planeta, também preocupa as autoridades cubanas. Assim como o avanço de uma indústria do entretenimento cada vez mais focada em futilidades. “Isso arrasta os jovens para um mundo frio, que os desmobiliza do ponto de vista intelectual e da transformação social”, avalia Prieto, hoje assessor de Raúl Castro.
Em passagem por Brasília, onde participou da 2ª Bienal do Livro, o escritor conversou por cerca de uma hora e meia com CartaCapital. Defendeu a criação de núcleos de resistência à hegemonia da cultura norte-americana e falou sobre os projetos em parceria com o Brasil, como a construção do Porto Mariel e o programa Mais Médicos. “As parcerias econômicas são prioritárias, mas podemos fazer muito mais no campo da cultura”.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.
CartaCapital: Durante a Bienal do Livro, o senhor disse que Cuba ainda não superou o colonialismo cultural. Por quê?
Abel Prieto: Na verdade, o fenômeno é mundial. A chamada indústria do entretenimento, hegemônica, impõe modelos de consumo cultural em toda parte. A estratégia é associar a felicidade ao consumo. Estive em viagem pela Europa e havia uma publicidade delirante em meio à crise, para que os europeus continuassem a consumir freneticamente. Também cultua-se a cultura inútil. A cantora Lady Gaga talvez seja a pessoa de maior destaque no Twitter. Pessoas sem nada a oferecer têm milhões de seguidores nas redes sociais: futebolistas, celebridades. Isso arrasta os jovens para um mundo frio, que os desmobiliza do ponto de vista intelectual e da transformação social.
CC: A cultura está mais frívola, é isso?
AP: Essa é uma preocupação até mesmo para o escritor peruano Vargas Llosa, um ardoroso defensor do neoliberalismo. Llosa é um homem muito talentoso, mas sua atividade política é abominável. Ele está para o neoliberalismo como Doutor Jekyll está para Mister Hyde (em alusão à novela O médico e o Mostro, de Robert Louis Stevenson). De toda forma, no livro “A Civilização do Espetáculo”, ele faz uma interessante reflexão em cima de conceitos de outros autores, como Adorno e Horkheimer, da Escola de Frankfurt. Llosa está sangrando porque seus livros são muito bons, mas vendem muito menos que antes. As obras mais vendidas em todo o mundo são as de autoajuda.
CC: O número de leitores também está em queda.
AP: É verdade, inclusive em Cuba. Em geral, há uma tendência de ler menos. Alessandro Baricco, um grande escritor italiano, tem uma coleção de artigos sobre esse fenômeno, chamada “Os bárbaros”. É um compêndio de textos que publicou em sua coluna no jornal La Repubblica. Segundo ele, em termos de informação, a civilização de hoje se caracteriza pelo surfe, isto é, por navegar pela superfície das ondas, mas nunca aprofundar em nada. As pessoas se conformam com cápsulas de informação. Isso, lamentavelmente, ocorre em todas as partes do mundo.
CC: O que fazer diante deste cenário?
AP: Saí de um congresso da União de Escritores e Artistas de Cuba antes de viajar ao Brasil, e neste encontro se discutiu muito sobre o que era possível ser feito. Temos algumas vantagens. Os meios de comunicação, em Cuba, não são privados. São estatais. Todas as escolas são gratuitas, universais e controladas pelo Estado. Praticamente toda a população infantil está escolarizada, não há analfabetismo. Por isso, acreditamos ser possível trabalhar com os professores das escolas, com as instituições culturais de cada município, com os museus, as bibliotecas, as casas de culturas, os instrutores de arte, para sensibilizar a população. Não adianta proibir nada. Primeiro, porque é inútil tentar proibir que esse tipo de mensagem, frívola e globalizadora, chegue até nós. Além disso, a proibição tende a ter um efeito contrário.
CC: Aguça ainda mais a curiosidade pelo proibido…
AP: Sim, pode se tornar ainda mais atrativo. Em vez de proibir, acredito ser mais efetivo ter ações direcionadas para que os modelos de consumo cultural sejam mais autênticos, tenham mais relação com uma cultura humanística. O entretenimento não precisa ser idiotizante. Fernando Martínez Heredia, um grande ensaísta cubano, dizia ser possível sentir prazer com uma cultura que faça ascender a condição humana. É o que devemos perseguir. Uma das coisas mais dolorosas é o abandono do bom cinema. Conseguimos, nos 1960 e 1970, que a população tivesse acesso a uma cultura cinematográfica notável. Conhecíamos bem o cinema brasileiro. Glauber Rocha era um ídolo em Cuba. “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe” tiveram um sucesso estrondoso. Assim como os filmes de Buñel, Godard, entre outros. Conhecemos o cinema de vanguarda europeu, o cinema experimental dos Estados Unidos, o cinema latino-americano. A criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica representa a tentativa de desenvolver um cinema nacional. Responsável por este projeto, Alfredo Guevara se correspondia com Vittorio de Sicca e outros grandes cineastas europeus, convidados a vir para Cuba para incentivar os jovens cineastas cubanos de então, a exemplo de Gutiérrez Alea, Santiago Álvarez e Humberto Solás, as primeiras grandes figuras do cinema cubano. Era um cinema de altíssima qualidade.
CC: Mas o grande público aprecia este tipo de cinema?
AP: Também havia a preocupação de formar um público para o cinema em escala massiva. E isso de fato ocorreu. Eu desfrutava do cinema de Bergman, de Kurosawa, todo o grande cinema universal, em sua versão descolonizada, não com o modelo ianque. Hoje, sobretudo os jovens, consomem um cinema péssimo, que tem um ritmo frenético. A cada momento é preciso ter uma morte para manter a atenção do público, ou ao menos uma cena erótica. Lembro-me de uma feira do livro na Rússia, e eles fizeram uma mostra de cinema muito boa, com a exibição de uma versão mais antiga de Crime e Castigo. E isso me preocupou, porque em todo o livro não há mais do que dois mortos, como então prender a atenção do público por duas horas?
CC: Dostoiévski, hoje, seria um grande fracasso…
AP: Não tenho dúvidas, porque é muito baixa a frequência de assassinatos (risos). O cinema cultuado hoje cria um espectador mais interessado nos efeitos especiais do que na mensagem, e ele acaba por inabilitar os espectadores a apreciar o cinema de qualidade. Qualquer filme mais elaborado pode aborrecer o espectador. Recentemente, a Associação Hermanos Saíz, de jovens artistas e escritores cubanos, iniciou um projeto de cineclube muito bom. Eles levam às universidades filmes de mais qualidade. Apesar de todos os problemas, há uma semente. Realizamos todos os anos, por exemplo, o Festival de Cinema Francês, que percorre todos os municípios e tem uma massa de espectadores maior do que a existente na própria França.
CC: É impressionante. Cuba tem 11 milhões de habitantes. Como pode ter mais apreciadores do cinema francês que a própria França, com 65 milhões de cidadãos?
AP: Foi o que me garantiu o embaixador francês em Cuba. Na França, os distribuidores são obrigados a ter uma cota de cinema nacional, mas o que se assiste é o cinema hollywoodiano. Para mim, o povo cubano deve ter referências diversas, plurais. A cultura tem muitas formas de se manifestar. A supervalorização dos efeitos especiais é uma demonstração da decadência de Hollywood. Repare que a propaganda foca muito em quanto custou o filme. É como se qualidade e dinheiro andassem juntos, mas normalmente é o contrário. Assisti à nova versão de O Grande Gatsby. O filme de 1974, com Robert Redford, não é uma obra prima, mas tem uma intensidade dramática que faz jus ao romance de Scott Fitzgerald. Na versão atual, com Leonardo Di Caprio, isso não existe. Torna-se mais importe o cenário, os efeitos deslumbrantes. Há um culto excessivo à tecnologia.
CC: E como o senhor avalia a emergência da internet como um novo difusor de padrões culturais?
AP: Em Cuba, temos um grave problema de conectividade, que ainda não conseguimos resolver. Está crescendo pouco a pouco. Quase todos os jovens têm uma conta no Facebook e utilizam as redes sociais, mesmo com uma conexão lenta. Mas a maioria das pessoas não tem internet em casa. A Associação Hermanos Saíz tem salas de navegação espalhadas por todo o país. São muito lentas, é verdade, mas existem. As bibliotecas municipais e os clubes de computação também têm. A internet é uma forma nova e fascinante de se comunicar. Mas também há experiências ruins, como a da rede social Zunzuneo, que, descobriu-se mais tarde, era desenhada e financiada pela Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), com o objetivo de difundir conteúdos mentirosos e subversivos (a rede social parou de funcionar em 2012). Mas não há nenhuma reação ou temor em relação às possibilidades que a internet representa. Precisamos continuar investindo para aumentar a conectividade.
CC: Certa vez, o senhor comentou que o primeiro livro editado pelo regime socialista cubano não era um manual revolucionário, e sim o clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
AP: É um símbolo de como enxergávamos a transformação do ser humano por meio da cultura. Há muita gente cínica ou cansada que diz não ser possível fazer nada, não dá para ganhar a batalha cultural. Mas devemos criar núcleos de resistência. Acredito que a derrocada do socialismo na União Soviética e nos países da Europa Oriental ocorreu porque eles perderam a batalha dos símbolos, a batalha cultural. Os próprios filmes causavam uma fascinação pelo Ocidente. O socialismo deve ser o reino da liberdade. José Marti, herói da independência de Cuba, dizia que ser culto é a única forma de ser livre. Até para não se deixar manipular, não ser manipulado. Para não cair na teia da aranha, é preciso ter referências culturais. A resposta tem de ser cultural.
CC: Ainda faz sentido encarar a questão nos moldes da guerra fria, como uma batalha cultural em curso?
AP: Em 2005, os Estados Unidos fizeram dezenas de documentários sobre os 50 anos dos ataques com bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. E a tese defendida era a mesma: Trumann ordenou o ataque para forçar a rendição do Japão o mais rápido possível e, assim, poupar a vida de milhares de pessoas com o prolongamento da guerra. Essa mentira se repetiu tanto que ganhou ares de verdade, como se o Japão já não estivesse praticamente derrotado. A verdade é que aquele feito horrível provocou a morte de centenas de milhares de civis e deixou sequelas atrozes aos sobreviventes. Foi uma demonstração de força contra os soviéticos, para amedrontar o bloco que uniu em torno das ideias do socialismo. Mais recentemente, Estados Unidos e Israel foram os únicos dois países que votaram contra a Convenção pela Defesa da Diversidade Cultural. Veja o quão importante para eles é manter o monopólio da indústria cultural hegemônica. Não se trata apenas de preservar uma indústria que gera muito lucro. É uma guerra de caráter ideológico.
CC: E a reforma na economia cubana? Houve avanços?
AP: Sim, há uma mudança em curso. Hoje, temos cerca de 500 mil trabalhadores que não são mais estatais. Atuam no setor privado, em cooperativas, sobretudo no setor de serviços ou na agricultura, utilizando o campo para seu usufruto. É uma batalha tremenda contra a burocracia, por uma administração racional.
CC: Qual é o objetivo da reforma? A inspiração vem da China?
AP: Não, não. Fidel Castro sempre foi crítico à cópia de modelos estrangeiros. No passado, nós copiamos dos soviéticos a forma de dirigir a economia, a forma de administração. Tivemos de rever tudo. O desafio, agora, é criar algo novo, o que Raúl Castro chama de socialismo próspero e sustentável, cuja célula fundamental é a empresa estatal socialista modernizada, com muito mais atribuições. Veja o caso do projeto que o Brasil está participando, do Porto Mariel. Estamos criando uma carteira de projetos para os investidores estrangeiros que tragam real benefício para nós. Não temos tecnologia nacional para extrair petróleo do mar, em uma região que se supõe possuir petróleo. Inevitavelmente, teremos de nos associar a países que tem a tecnologia para isso, como Venezuela ou Brasil. A empresa socialista com novas atribuições é a chave do sucesso.
CC: Criou-se uma zona econômica especial para acomodar as empresas estrangeiras no projeto do Porto Mariel. Em que essa iniciativa difere da experiência chinesa?
AP: Já tivemos outras zonas econômicas especiais e experiências do tipo. Mas acredito que nós estamos obrigados a não copiar modelos de fora. Podemos encontrar experiências interessantes em outros países, como as cooperativas de agricultura existentes no Brasil, e ver como poderiam ser úteis a Cuba. E ninguém ficará desamparado. Fizemos um estudo com toda a população infantil cubana, para investigar onde poderia haver desnutrição. E identificamos uma porção ínfima de casos. Não fechamos os olhos, essas famílias estão recebendo um tratamento diferenciado.
CC: Recentemente, o governo brasileiro contratou centenas de médicos cubanos para atuar em hospitais públicos de áreas remotas ou nas periferias das grandes cidades. E houve uma forte campanha contrária encampada pelos médicos brasileiros…
AP: Essa campanha contrária tende a se diluir, porque a população saberá reconhecer o trabalho dos médicos cubanos. Eles não estão só aqui. Estão no Haiti desde muito antes do terremoto. Estão na Venezuela, na Bolívia. Vi relatos comoventes, como o de um indígena boliviano que, pela primeira vez, teve contato com um médico que o tocou. O racismo contra os indígenas era tão ferroz naquela localidade que os médicos brancos não se davam ao trabalho de tocar no paciente. Os índios eram intocáveis, assim como os dalits da Índia. Acredito que a conduta generosa, sensível e humilde dos médicos cubanos levará a um índice de aprovação realmente impressionante.
CC: A apropriação de parte do salário dos médicos pelo governo cubano também é alvo de críticas.
AP: Pois a classe médica foi um dos primeiros setores da economia cubana a passar por reforma e ter melhorias salariais. Os médicos ganham mais do que qualquer outro trabalhador em Cuba, até porque fazem um trabalho notável. É verdade que precisamos elevar os salários de todos. Mas Raúl Castro foi muito franco ao falar aos trabalhadores: a remuneração vai depender da produtividade do país. Muita gente não está preocupada em preservar seu trabalho, então produz sem empenho. Para romper com esse círculo vicioso, a produtividade precisa ser recompensada. Gastamos 2,2 milhões de dólares com importação de alimentos, mas ainda temos terra fértil sem cultivar.
CC: Qual é o grande objetivo de Porto Mariel? Abastecer o mercado cubano ou também ser uma plataforma regional?
AP: É claro que, por sua posição geográfica, Cuba ocupa um espaço privilegiado em todo o Caribe. Pode ser, sim, uma plataforma regional. Mas há outra vantagem extraordinária. A cidade velha de Havana é uma atração turística importantíssima. É realmente uma cidade deslumbrante, comparável a Cartagena das Índias, na Colômbia. O porto de Havana tem potencial para receber turistas e, com a inauguração de Porto Mariel, deixará de receber cargas, será possível limpar a região. A grande maioria dos turistas passa por Havana Velha. Visitam Varadero e outras cidades, mas não deixam de passar um dia ou dois em Havana.
CC: Mas o bloqueio imposto pelos Estados Unidos não atrapalha os planos de transformar Porto Mariel em uma plataforma regional? Ou Cuba aposta no fim das sanções?
AP: É difícil prever o fim do bloqueio. Há uma percepção mundial de que o governo Obama é mais flexível conosco, mas não é bem assim. De fato, Bush fechou completamente a fronteira, os intercâmbios acadêmicos, de artistas. Mostrava a cara ferroz do Império. Obama é um homem mais inteligente, de outro perfil. Permite artistas cubanos em premiações do Grammy, libera shows do Buena Vista Social Club. Autoriza viagens de acadêmicos americanos interessados em conhecer Cuba. Mas a burocracia do Departamento do Tesouro do governo Obama é mais eficaz na perseguição dos bancos que mantém transações com Cuba, das empresas que negociam conosco. Acredito que a cúpula americana tem muito medo dos grupos extremistas de Miami. Há pesquisas que atestam: a maioria da população americana é favorável à normalização das relações com Cuba. Mas essa turma de Miami tem muito poder, mantém o discurso do ódio. Não acredito que o bloqueio inviabiliza o Porto Mariel, mas sem duvida o seu fim multiplicaria as oportunidades de negócios.
CC: Qual é o peso do bloqueio hoje? Diversas nações negociam com Cuba, como Venezuela, Espanha e o próprio Brasil…
AP: Sim, mas com muita dificuldade. O custo do frete, por exemplo, é altíssimo. Um barco que aporta em Cuba não pode, por seis meses, entrar nos Estados Unidos. Evidentemente, as empresas de transporte cobram por isso, pois podem perder oportunidades de negócios com os Estados Unidos. Se uma empresa europeia tem sócios ou uma subsidiária nos Estados Unidos, não pode negociar conosco. É algo realmente asfixiante. Há um fator irracional de ódio e vingança nesse núcleo de Miami, que encontrou em Bush uma força nunca antes vista.
CC: E as relações comerciais com o Brasil? Devem aumentar?
AP: Há, de fato, uma proximidade entre os dois países. Mas acredito que podemos avançar mais, e não apenas em acordos comerciais. É possível estabelecer mais intercâmbios culturais, desenvolver o turismo, há muita simpatia entre os povos. Temos culturas mestiças, muitos aspectos em comum. A música brasileira é muito apreciada em Cuba. Os Últimos Soldados da Guerra Fria, livro de Fernando Moraes sobre os cinco cubanos presos nos Estados Unidos por denunciar planos de terrorismo contra Cuba, foi um best seller. As parcerias econômicas são prioritárias, mas podemos fazer muito mais no campo da cultura.
Fonte: Carta Capital