1º de Maio de 2014.
A desfiguração manipulada da condição de classe do trabalhador, a busca ainda incerta por concretizar um novo perfil que descreva o trabalhador atual, a renúncia de amplos setores da esquerda nacional ao enfrentamento de classes e, mais ainda, o catecismo da reconciliação de classes para uma governabilidade desenvolvimentista, farão com que mais um 1º de Maio não passe de um dia de folga para o lazer e não para a reflexão.
Enquanto os intelectuais se digladiam em aportes teóricos de diversos matizes sobre se os jovens que protestam na rua representam esse novo perfil de trabalhador, ou os novos modelos de desempregados da União Europeia são a imagem contemporânea da classe trabalhadora, os donos dos meios de produção, os poderosos e suas armas de controle social continuam ditando a doutrina. A classe A sabe que existe, se reconhece como tal e conta com a bajulação da classe B para se manter no poder social, econômico e, na imensa maioria dos países, político.
Num dia destes é bom refletir sim! Relembremos uma afirmação de Gramsci segundo a qual a ordem econômica dominante não se consolida só pelo aspecto econômico da dominação, senão também na luta pela direção política e moral das massas dentro da sociedade civil. Quando Gramsci estende o conceito materialista de disputa da hegemonia de Marx ao campo da ideologia relativiza a superestrutura. Nesse ponto da realidade e numa Nova Época desta Nossa América se inscreve este 1º de maio.
As centrais de trabalhadores e seu distanciamento estrutural parecem ter perdido condição moral de condução ideológica das massas. Se a autocrítica reinstala este debate em valores de classe, independentemente das conjunturas, o 1º de Maio voltará a ter a importância que já teve para os trabalhadores. Do contrário, seguiremos a mercê dos donos dos meios de produção todos os dias do ano.
Ainda assim, Desacato.info deseja a toda nossa classe, a dos Trabalhadores, um feliz 1º de Maio.