A amiga do Rio de Janeiro me mandou essa foto de Itajaí e fiquei indignado. Aliás, muito mais que indignado fiquei é envergonhado perante a amiga do Rio. Não apenas perante a amiga carioca, mas perante o mundo inteiro!
Com que cara vou ficar com meus amigos asiáticos? Os do Oriente Médio também? Me esgoelando de brigar contra o nazismo dos sionistas de Israel, e o nazismo medrando aqui do meu lado!
E os que vivem na Europa ou na África? E a bruta vergonha perante meus amigos do nosso próprio continente? Mesmo que somente dois casais e seus filhos, tenho amigos na Austrália e o que pensarão do meu país, de meus patrícios, da gente do lugar onde vivo?
E a informação da carta da amiga é inconfundível: “Um amigo de Itajaí ficou assombrado ao se deparar com cartazes homenageando o aniversário de Adolf Hitler, ocorrido no domingo (20/4). As peças trazem a assinatura de White Front (algo como “Frente Branca”) e foram coladas em postes no Centro da Cidade. Nos cartazes, a imagem do líder nazista com a mensagem: “Heróis não morrem. Parabéns Führer”. A existência de um suposto grupo ou de simpatizantes do nazi-fascismo é algo novo e assustador para uma comunidade historicamente pacífica e plural.”
Assustador, sem dúvida, mas acima de tudo vergonhoso! Como vou explicar aos amigos do resto do Brasil que aqui em Santa Catarina ainda existam retrógradas tão atrasados que se identificam com Adolf Hitler?
Eu mesmo já exaltei Santa Catarina a todos que me visitaram ou convidei para que me visitassem. Contei da formação açoriana das cidades litorâneas como Itajaí, com todas suas lendas e festas, sua tímida e acanhada cordialidade.
Também contei dos costumes germânicos de cidades mais ao interior, ainda que bem próximas à Itajaí. Elogiei a educada urbanidade herdada por esses descendentes elogiados por aqueles que vieram da Europa para conhecer este lado do Brasil e me garantiram que aqui se mantêm uma civilidade e cultura já extinta pela pressa e a exiguidade de tempo na Alemanha moderna! Como, agora, vou explicar a eles que ao invés de resgatarmos a cultura de Goethe, Schopenhauer, Freud, Beethoven, ou das tantas genialidade daquele país, optamos pela barbárie e o atraso?
Como vou dizer que preferimos desprezar a modernidade de uma Alemanha propositiva ao futuro do mundo, para exaltar o medievalismo ressurgido em sua máxima estupidez? Digo o quê? Mesmo que sejam apenas meia dúzia, como se explica a possibilidade de coexistência com 6 retardados que caminham livremente pelas ruas pretendendo promover aqui o mesmo secular retrocesso que os nazistas desejaram implantar em todo o mundo no século passado?
De que jeito explicar que nem todos têm a mesma hospitalidade dos serranos em seu sotaque vêneto no oferecimento da culinária do norte italiano, optando por relações hostis e grosseiras como a dos fascistas de Mussolini?
Com que cara vou me explicar aos amigos de África, como a artista plástica Camila Sousa de Moçambique, a quem procurei apresentar a música, a simpatia, a alegria com que fomos beneficiados pela cultura negra? De que jeito justificar que em nosso estado exista um grupo de colonizados que ridícula e anacronicamente se assina como White Front?
E a todos os amigos dos demais países de nossa América aos quais sempre demonstrei esperanças na possibilidade de resgatarmos e devolvermos a dignidade de nossos indígenas? E os convenci de que racistas atrasados como o jornalista Moacir Pereira não passarão pela combatividade de pessoas como minha amiga Urda Klueger de Blumenau, doutora em história e geografia e membro da Academia Catarinense de Letras e à quem o tal Moacir não chega nem ao tornozelo?
Imaginem quando me esfregarem essa foto na cara, para provar que não é só o Moacir Pereira, não!!! Há todo um grupo de réplicas sob a marca “White Front”!
Será que o nazismo em Santa Catarina é resultado de produção em série, como no filme “Os Meninos do Brasil”? Por clonagem se estará reproduzindo exemplares de Moacir Pereira ou de Adolf Hitler?!!!
Todas essas cogitações começaram a me fazer medo, mas sobretudo a me dar uma vergonha imensa! Sobretudo de meus amigos dos outros estados daqui do Brasil mesmo. Tantos que me pediram que ficasse onde estava, antes de vir para cá! E os que me aconselharam a voltar para cada um dos estados em que antes vivi?
Fico imaginando quanto me desprezarão por depois de ter morado em tantos lugares do Brasil, para acabar escolhendo um estado onde há gente tão atrasada que até hoje comemora o aniversário de um genocida que enquanto esteve vivo só fez trazer infelicidade para a humanidade.
Mas aí pensei bem… Pensei, avaliei, comparei e cheguei a conclusão do que responder a estes amigos de outros estados do Brasil, caso venham me cobrar pelo atraso dos nazistas catarinenses.
Eles que venham com seus “não disse!” ou qualquer crítica que vou lhes desmontar com uma pergunta muito simples:
“- No seu estado ninguém comemorou o 50º aniversário do Golpe de 1º de Abril de 1964? Pois estão… Nazista é praga que brota em qualquer parte! Ou se arranca um Moacir Pereira enquanto é inço, ou se deixar medrar vira touceira. De touceira a touceiral é um instante e aí já precisa de muito herbicida!”
É ou não é verdade?