Por Guilherme Almeida. As regras que limitam a arte de rua em São Paulo não afetam apenas os artistas – elas são prejudiciais para a população em geral, um desserviço aos cidadãos. É o que diz a artista circense Isadora Faro. “A gente tem a função de levar alguma expressão artística para o dia de quem não tem arte na vida, pelo motivo que for”, afirma. E completa: “A rua é nosso palco. Tirar isso de nós é enfraquecer a arte da cidade”.
Isadora afirma ainda que apresentar-se na rua é uma opção, e artistas que seguem esse caminho podem manter o mesmo padrão de vida de quem trabalha só em teatros ou eventos fechados. A principal diferença é que quem está na rua sofre preconceito.
“O artista de rua já está numa condição marginalizada no Brasil. A última coisa que a gente precisa é outro desgaste. Apresentar um número artístico não pode ser contra a lei em lugar nenhum”, desabafa a malabarista.
O artesão Antônio José da Silva, o Piauí, aponta outra falha do decreto que regulamenta a arte na rua. Pelas regras, cada artista precisa ter a permissão da subprefeitura da sua região para atuar. Isso dificulta a vida de quem está apenas de passagem pela cidade.
“Eu conheci todas as capitais brasileiras vendendo artesanato. Hoje e tenho uma vida estabilizada em São Paulo, mas tenho que lutar pelo direito do meu colega viajante de fazer o trabalho dele aqui”, explica.
Foto: Rafael Stedile
Fonte: Brasil de Fato