Vereador pretende criar vagão só para mulheres

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Projeto de Lei cria vagão de metrô reservado para mulheres, mas muitas rejeitam a proposta

Por Rafaella Dotta.*

O vereador e presidente da Câmara de Belo Horizonte, Leo Burguês (PT doB), apresentou projeto para criar vagões de metrô exclusivos para mulheres. Apelidado de “vagão rosa”, a medida tenta encontrar solução para as “encoxadas” sofridas por mulheres em metrôs e ônibus, mas a proposta não está agradando a todos.

A ideia do Projeto de Lei 893/2013 é obrigar todos os metrôs a reservarem um vagão especial, em que só mulheres poderão entrar. Nos demais vagões o sistema continuaria o mesmo, sendo frequentado por ambos os sexos. O objetivo da medida é “evitar, principalmente nos horários de pico, o constrangimento de mulheres, reservando um espaço separado”, declara o vereador. No Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, os vagões exclusivos já estão em funcionamento. No Rio de Janeiro, o mais antigo, funciona apenas nos horários mais críticos.

Opinião contrária

Muitas mulheres são contra a criação do “vagão rosa” e defendem que o assédio precisa ser combatido de maneira mais completa. “O nosso corpo só vai ser respeitado quando estiver entre mulheres? Quando saio do vagão a minha vida continua”, diz Clarisse Goulart, integrante do movimento Marcha Mundial das Mulheres.

Ela afirma que a violência e o assédio precisam ser enfrentados no trabalho, na rua, dentro de casa, e não só no metrô. Para isso, é preciso elaborar campanhas de conscientização para o respeito à mulher e melhorar o recebimento de denúncias de assédio.

“A mulher sofre uma ‘encoxada’ dentro do metrô, e se ela denuncia ou reage, ela é tratada como louca”, diz Clarisse. Por isso, acredita a feminista, a maioria das mulheres não faz boletins de ocorrência.

Vagões insuficientes

O metrô da região metropolitana de Belo Horizonte atende, hoje, a 200 mil passageiros por dia e tem quatro vagões em cada “carro”, de acordo com informações da empresa Metrominas S.A.

Para Silviana Mendonça, que é diarista e usuária do metrô, a saída é ter mais vagões, para que os passageiros não precisem ficar “espremidos”, como acontece hoje. Ela acredita que isso poderia resolver os problemas dos passageiros e também diminuir o assédio às mulheres. “Voltar pra casa todo dia apertado é um sofrimento”, lamenta.

*De Belo Horizonte (MG)

Foto: Reprodução

Fonte: Brasil de Fato

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