Após mais de dois meses de tensão política na Ucrânia, o primeiro-ministro do país, Nikolai Azarov, apresentou nesta terça-feira (28/01) sua renúncia ao cargo enquanto o parlamento ucraniano se reunia em sessão extraordinária para revogar o pacote de leis que restringiam direitos fundamentais de manifestação.
Em sua carta de renúncia, Azarov afirmou que deixava o cargo “para criar possibilidades adicionais de se conseguir um acordo político e social e em prol de um ajuste pacífico” do longo conflito que mantém milhares de manifestantes nas ruas.
O pacote de leis antimanifestações havia sido posto em vigência para tentar frear o levante contra o governo ucraniano. Entretanto, as medidas tiveram efeito inverso e incendiaram ainda mais a parcela da população contrária a Azarov e pró-União Europeia. Polêmica e controversa, a legislação — tida como de exceção — restringia direitos cívicos basilares: liberdade de expresssão e reunião, entre eles.
Agência Efe
Por 257 vots, o Parlamento ucraniano aprovou um pacote de quatro leis que substituem a antiga legislação antiprotestos
“Durante o confronto, o governo fez tudo para conseguir uma solução pacífica ao conflito. Fizemos de tudo para impedir o derramamento de sangue, a escalada da violência e a violação dos direitos civis”, afirmou em sua carta ao presidente, Viktor Yanukovich.
Azarov considera que em todo o tempo em que esteve no cargo fez “tudo para que a Ucrânia pudesse se desenvolver como um Estado europeu, democrático”.
“Tomei decisões e assumi responsabilidades para servir aos interesses do povo ucraniano, e por isso posso olhar nos olhos de cada cidadão, de cada compatriota”, disse.
Mas ressaltou que “o mais importante agora é conservar a unidade e a integridade da Ucrânia, isto é muito mais importante que qualquer plano ou ambição pessoal”.
“Precisamente, por isso, tomei esta decisão”, explicou. Azarov assumiu a chefia do governo ucraniano em março de 2010, e em 13 de dezembro de 2012 foi confirmado no cargo pelo novo Parlamento eleito nas eleições gerais.
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Tensão política na Ucrânia já dura dois meses; nos últimos dias, protestos tiveram escalada de violência, com registro de mortes
Panorama
Desde novembro, a Ucrânia tem vivido uma onda de protestos depois que o governo Yanukovich se recusou a assinar um acordo com a União Europeia. Desde então, milhares de pessoas saem às ruas diariamente para criticar — e também apoiar, no começo dos protestos — a decisão do presidente. Yanukovich argumenta que o acordo proposto pelo bloco europeu criaria dificuldades para a parcela mais pobre da população de seu país.
Para tentar conter a crise, a Ucrânia assinou um acordo comercial com a Rússia em que Moscou autoriza o envio de US$ 15 bilhões (R$ 35 bilhões) à Ucrânia. A proximidade ou não do vizinho russo também é um elemento importante para a oposição ucraniana pró-UE e os manifestantes que tomaram as ruas de Kiev.
* Com informações da Agência Efe