Por Carmen Tornquist.
Faleceu nesta semana, no dia 14 de janeiro o poeta e intelectual argentino, Juan Gelman. Nascido em 1930 em Buenos Aires, filho de imigantes, Gelman exilou-se no Mexico em 1976 e aí radicou-se. Autor de inúmeras poesias e contos, Gelman foi um militante anti-imperialista desde a adolescencia e atuou corajosamente junto ao movimento de direitos humanos e pela memória dos desaparecidos e mortos das Ditaduras do Cone sul, em especial, da Argentina, cuja truculência se abateu diretamente sobre sua vida familiar, tomando-lhe seu filho e sua nora e, até recentemente, sua neta(Macarena) que reencontrou, não sem muito pelear, no Uruguai.
Suas poesias são atravessadas pelo permanente engajamento politico, pela contundente critica a violência militar, e também por temas existenciais, cuja calidez apaixona os leitores a primeira leitura. Entre suas obras destaca-se Gotan(1962), Colera buey(1965),Fabulas( 1971)Hacia el sur (1982), Carta a mi madre( 1989) Valer la pena(2001). Recebeu o Premio ibero americano de poesia Pablo Neruda(2005) e o Premio Cervantes em 2007, entre outros. Amor que serena, termina? foi publicado no Brasil e contém poemas traduzidos por Eric Nepomuceno. Sua última obra foi finalizada em 2013 (Amar a Mara) e é dedicada a sua mulher.
Além de poeta e escritor, Gelman colaborava permanentemente com o Jornal Página 12, que dedicou várias paginas de sua edição de 16 de janeiro ao autor, com comentários de Atílio Boron e Sara Méndez, entre outros. Neste, se resgata um dos seus primeiros poemas
publicada em Violín y otras cuestiones(1956):
Epitafio
un pájaro vivía en mi
una flor viajaba en mi sangre
Mi corazón era un violín
Quise o no quise
pero a veces me quisieron
También a mi me alegraban:
la primavera, las manos juntas,
lo feliz
Digo que el hombre debe serlo!
(aqui yace un pájaro
una flor
un violín)
O governo argentino decretou luto oficial por três dias em sua homenagem.
Imagem tomada de: en.wikipedia.org